Dimitri Pavadé, o atleta francês que ficou em quarto lugar no salto em comprimento nos Jogos Paralímpicos em Paris, assumiu a homossexualidade numa mensagem deixada nas redes sociais este sábado, 7 de setembro, e desafiou os colegas a fazerem o mesmo.
“Na minha vida, por muito banal que ela possa ser, nunca tive um projeto, uma ambição, um objetivo. Deixei apenas levar-me pelo vento e viver o momento presente. Após a minha estreia no desporto, algumas coisas amadureceram em mim, como o sonho de fazer parte da seleção francesa. Hoje posso dizer com muito orgulho que é um sonho conquistado. Consegui encontrar o meu caminho e dar sentido ao pensamento que concretizo todos os dias: ‘ser um ícone para as pessoas com deficiência’”, começou por dizer.
Dimitri Pavadé revelou que havia “outra luta” à sua espera e que “aguardava impacientemente por este momento”. “Aqui estou, pronto mais uma vez para enfrentar, superar e seguir em frente, sem levar em conta o que os outros possam dizer ou pensar de mim. Sim, sou pequeno, mestiço, perneta e, acima de tudo, gay”, revelou. O atleta que nasceu na Reunião, uma das duas maiores Ilhas Mascarenhas, amputou uma perna aos 18 anos, na sequência de um acidente de trabalho, segundo o jornal "Maisfutebol".
“A pessoa que sou, tal como outros, nunca foi uma escolha, por isso parem com os vossos discursos lamentáveis e com os vossos julgamentos irracionais, porque nunca vão mudar o mundo. A coisa mais importante, para mim, é ver como as pessoas que são importantes para mim me amam pela pessoa que sou, e não pela imagem que eu poderia ter criado, nesta sociedade excessivamente crítica. Se algumas pessoas não te aceitam como tu és, então elas não são dignas do teu amor. A vida é muito curta para dar importância a esse tipo de gente”, continuou.
Assim, o atleta paralímpico garante ter “uma segunda luta para travar”, com a sua “comunidade LGBTQUIA+”, e desafia os colegas a assumirem a sua homossexualidade também.
“Espero trazer força e coragem também às pessoas que ainda não saíram do armário, ou a esses atletas de alto nível que não se atrevem a viver aberta e livremente esta liberdade que nos é devida por direito. A deficiência não é para ser escondida ou para ter vergonha, é o mesmo que a orientação sexual. Por isso aceita-te como és e lembra-te que não estás sozinho. A vida é extremamente curta e há tantas coisas bonitas que nos são oferecidas, das quais não nos podemos privar. Ainda há crianças e adultos que se suicidam ou são mortos hoje em dia. Não te esqueças de que as pessoas ao teu redor poderão um dia ser afetadas”, concluiu.