As sirenes não pararam de tocar durante a madrugada desta terça-feira, 1 de março. Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, foi atingida por bombardeamentos de elevada dimensão que causaram a morte de civis, incluindo crianças.
O edifício da administração, no centro da cidade, e vários prédios residenciais foram alvo de ataque das forças russas. Durante a madrugada, sabe-se que os ataques provocaram a morte de nove civis em Kharkiv, incluindo três crianças, avança a CNN Portugal de acordo com uma nota do presidente da câmara Ihor Terekhov. "Hoje tivemos um dia muito difícil. Mostrou-nos que isto não é uma guerra, é um massacre da população ucraniana", disse Terekhov na conta oficial de Telegram.
Entre as vítimas mortais estão quatro pessoas que foram atingidas quando saíram do abrigo para procurar água, uma família de dois adultos e três crianças morreu dentro de um carro e pelo menos 37 pessoas ficaram feridas, escreve o mesmo jornal.
Naquela que foi já a sexta noite de combates na Ucrânia, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da nação fez uma atualização sobre o estado do país, sublinhando que as forças russas "quase esgotaram o seu potencial ofensivo". "Embora o ocupante continue a infligir fogo em instalações militares e civis ucranianas e a realizar missões de reconhecimento aéreas a partir da Bielorrússia, o inimigo não teve sucesso em nenhuma direção. Obrigado aos militares ucranianos por impedirem o inimigo", escreveu, citado pela CNN Portugal.
Após várias horas de sobressalto em Kharkiv, na manhã desta terça-feira, 1 de março, um ataque aéreo perto de um edifício da administração local da cidade provocou vários danos. Às 8h02 locais (menos duas horas em Portugal), foi disparado um míssil que atingiu o local. O momento da explosão foi gravado e partilhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, que acusou a Rússia de cometer "crimes de guerra" e de "assassinar civis inocentes".
"Ataques bárbaros de mísseis russos na Praça de Liberdade e em bairros residenciais de Kharkiv. Putin é incapaz de vergar a Ucrânia. Ele comete mais crimes de guerra devido à fúria e assassina civis inocentes. O mundo pode e deve fazer mais. Aumentem a pressão, isolem completamente a Rússia", pediu Kuleba na rede social Twitter.
Na sequência da explosão, há, até agora, seis feridos a registar, avança a CNN.
Coluna militar russa com cerca de 64 quilómetro a caminho de Kiev
Imagens de satélite divulgadas esta terça-feira, 1, mostram uma escolta militar russa a norte da capital ucraniana de Kiev que se estende por cerca de 64 quilómetros, escreve o jornal "Público".
As imagens foram transmitidas ao governo de Biden e várias fontes da Casa Branca afirmaram estar preocupadas com a dimensão da coluna militar, o que faz com que estejam a segui-la, escreve a CNN.
Junto à fronteira bielorrussa, entraram ainda esta terça-feira tropas da Bielorrússia em Chernihiv, a 140 quilómetros de Kiev.
Exército russo às portas de Kherson, a norte da Crimeia
Também esta terça-feira, o exército russo chegou às portas da cidade ucraniana de Kherson, a norte da Crimeia. "Nas entradas de Kherson, o exército russo montou postos de controlo. É difícil dizer como a situação irá evoluir", escreveu Igor Kolikhayev, autarca local, na página da rede social Facebook, citado pelo jornal "Público".
"Estou no meu gabinete a coordenar os serviços municipais para que acordem numa cidade relativamente pacífica", acrescentou, pedindo aos residentes que se mantenham "calmos e cautelosos" e não saiam durante o recolher obrigatório.
Rússia investigada por crimes de Guerra na Ucrânia
Ataques a zonas residenciais, hospitais e infantários ou uso de bombas de fragmentação e de vácuo são proibidas pelo direito internacional, o que faz com que a Rússia possa estar a cometer crimes de guerra. Segundo a Human Rights Watch, o exército russo usou explosivos de fragmentação, que matam indiscriminadamente, em zonas residenciais de Kharkiv.
"Este ataque mostra claramente a natureza inerentemente indiscriminada das munições de fragmentação, e deve ser condenado inequivocamente", disse Mark Hiznay, vice-director do departamento de armas da Human Rights Watch, ao jornal norte-americano The Washington Post, citado pelo "Público". De acordo com Hiznay, as imagens mostram que o exército russo usou rockets Smerch com munições de fragmentação.
Tendo em conta uma base que considerada razoável para a acusação e antecedentes, o Tribunal de Haia vai investigar a Rússia por crimes de guerra e contra a humanidade na Ucrânia, avança a SIC Notícias.