Depois de se ambientarem com o submundo do crime e as drogas na série "Breaking Bad", Aaron Paul e Bryan Cranston deixaram de ser apenas colegas e ficaram amigos. Uma relação que nasceu em cena e que passou para a vida real, ao ponto de um não conseguir viver sem o outro. Talvez por isso não seja de estranhar que, pouco tempo depois do fim da série, em 2013, tenha sido Cranston a perguntar a Paul se "seria estranho" os dois voltarem a trabalhar juntos. Não foi estranho, e foi isso mesmo que ambos acabaram por fazer através da empresa Dos Hombres — uma marca de mezcal artesanal.
Foi enquanto empresários, mais do que atores, que os dois estiveram esta quarta-feira, 2 de dezembro, em direto da Web Summit para explicar como foi criar um projeto destes depois de terem dado vida a duas das personagens mais icónicas da televisão americana. "Ele é o meu melhor amigo e foi ele que me perguntou se seria demasiado cedo para voltarmos a colaborar juntos. A minha sugestão foi partimos para a indústria da bebida e ele riu-se", começa por dizer Aaron Paul diretamente da sua casa nos EUA.
"Falei-lhe em criarmos um mezcal nosso e e riu-se ainda mais. Lembro-me de lhe dizer: 'Não, meu, tu não sabes nada sobre o que é o verdadeiro mezcal", continua. A meio da conferência, Bryan Cranston explica que, quando se bebe uma "má bebida espirituosa", essa experiência fica "para sempre na cabeça de qualquer um", o que terá explicado a relutância.
O ator aceitou, mas disse na altura que a ideia só iria em frente se tivesse futuro. "Concordámos que iríamos investigar para ver se seríamos capazes de encontrar algo que agradasse aos dois. Se não encontrássemos, então era garantido que não avançaríamos." Foi nesse processo, explica, que nasceu a marca Dos Hombres — e o nome não vem ao acaso.
O que em português significa apenas "dois homens", faz jus à forma como a bebida é produzida. "Quando decidimos avançar, não havia ninguém que quisesse pegar na ideia. Estive vários dias a ligar para a BevMo [uma das maiores empresas de produção e distribuição de bebidas alcóolicas nos EUA] e só ao fim de duas semanas é que alguém pegou no telefone e quis saber, afinal, o que é que queríamos fazer com isto", recorda Aaron Paul.
"Somos só nos os dois, eu e o Aaron. Aliás, usar o termo fábrica para descrever a nossa "fábrica" é tomar algumas liberdades porque não há eletricidade nem água, a não ser a que vem do rio e que vai diretamente para o nosso produto", explica Cranston. A explicação é simples: caso fosse usada eletricidade, por exemplo, o produto nunca poderia ser promovido como sendo de cariz artesanal.
"Sentimo-nos quase como um filme independente que está a tentar vender uma história interessante. E tem sido esse o feedback que as pessoas nos têm transmitido de cada vez que bebem um Dos Hombres. As pessoas concordam que é interessante e encomendam mais", diz Bryan Cranston.
Também por isso não lhes tenha feito sentido seguir o caminho de outras celebridades que, ao contrário da dupla, decidiu emprestar o nome a um produto que já estava feito. "Não se trata de um devaneio ou capricho. É o nosso bebé e algo de que estamos mesmo muito orgulhosos e que queremos proteger, por isso quisemos ter o controlo de raiz", defende Aaron Paul.
Quando questionados sobre se o facto de terem tido presença assídua na televisão de milhares de pessoas pelo mundo fora poderá ter tido impacto no sucesso do produto, não têm duvidas."É garantido que isso é verdade, porque as pessoas foram habituando-se a verem-nos nos seus ecrãs. Mas mais do que isso, creio que o sucesso do Dos Hombres vem também do facto de se tratar de uma história genuína. O que as pessoas vêem, é aquilo que têm. E isso é válido tanto para o nosso trabalho na televisão, como para este Dos Hombres", conclui Aaron Paul.