A Coreia do Sul vai recorrer a câmaras para filmas e detetar infetados com COVID-19. O rastreio relacionado com os casos positivos da doença não é novidade no país, que já possui um sistema de tecnologia de ponta para localizar os infetados com o novo coronavírus, como a recolha de registos do cartão de crédito e geolocalização através de smartphone e câmaras urbanas.
Estas câmaras integram um projeto-piloto que pretende rastrear os movimentos de cidadãos infetados para saber com quem mantiveram contacto próximo e se estavam ou não a utilizar máscara. O projeto vai começar em Bucheon, uma das cidades com maior densidade populacional na zona metropolitana da capital do país, Seul.
Com base em algoritmos de Inteligência Artificial (IA) e tecnologia de reconhecimento facial vai ser possível, a partir de janeiro de 2022, analisar as imagens de 10.820 câmaras de vídeo vigilância para seguir todos os movimentos dos infetados com COVID-19. Este sistema consegue seguir simultaneamente dez pessoas em cinco ou dez minutos, como adianta a revista "Visão".
Esta tecnologia vai permitir reduzir o tempo gasto em trabalho manual, que, em comparação, pode demorar entre meia hora a uma hora para rastrear apenas uma pessoa. “Às vezes, levamos horas para analisar uma única imagem de CCTV. Usar a tecnologia de reconhecimento facial permitirá fazer essa análise num instante”, indicou o vereador da Câmara de Bucheon, Jang Deog-Cheon, no Twitter, tal como salienta a mesma publicação.
O projeto tem apoio público, mas defensores dos direitos humanos e advogados temem que o governo armazene estes dados e os utilize mais tarde, sem ser em contexto de pandemia. A oposição parlamentar também está preocupada por se tratar de uma invasão à privacidade dos cidadãos.
O deputado do principal partido da oposição, Park Dae-Chul, comentou aquele que considera ser “o plano do governo de se tornar um Big Brother sob o pretexto da COVID-19", de acordo com a Reuters. “É absolutamente errado controlar e monitorizar a população através de câmaras CCTV usando dinheiros públicos e sem o consentimento das pessoas”, argumentou.
Por sua vez, os membros do projeto alegam que “não existe” qualquer problema com a privacidade dos cidadãos, uma vez que o “sistema rastreia os infetados confirmados”, tendo por base a Lei de Controle e Prevenção de Doenças Infecciosas. Também a Agência Coreana de Controle e Prevenção de Doenças defendeu o uso desta tecnologia, garantido que é legal, desde que seja utilizada no âmbito da lei de prevenção de doenças.