A Câmara dos Representantes norte-americana vai avançar com um processo de destituição contra Donald Trump. O anúncio foi feito por Nancy Pelosi, que enviou uma carta aos senadores democratas, onde escreveu que vai ser pedido a Mike Pence, vice-presidente, que ative a "25.ª emenda [da constituição] para declarar o presidente incapaz de executar os deveres do seu cargo", e que, caso isso não aconteça, a legislação da destituição será levada à discussão, pode ler-se no documento, tal como avança a Associated Press, citada pelo "Diário de Notícias".
"Ao proteger a nossa constituição e a nossa democracia, vamos agir com urgência, porque este presidente representa uma ameaça iminente a ambas. À medida que os dias passam, o horror do assalto em curso sobre a nossa democracia cometido por este presidente é intensificado e também é a necessidade imediata de ação", continua Nancy Pelosi.
Esta segunda-feira, 11 de janeiro, começam os trabalhos para aprovar a legislação que permite a Mike Pence substituir Trump na Casa Branca, avança a mesma agência noticiosa, e assumir o cargo nos poucos dias que faltam até Joe Biden ser declarado presidente dos Estados Unidos — a cerimónia de inauguração está marcada para 20 de janeiro. No entanto, é expectável que os senadores republicanos bloqueiem essa tentativa e, nesse caso, a discussão segue para voto em plenário já amanhã, terça-feira.
A tentativa da destituição de Trump surge no rescaldo da invasão do Capitólio por centenas de apoiantes do presidente em funções, e depois de este ter incentivado à manifestação. Esta atitude de Donald Trump, bem como a insistência nas teorias de fraude eleitoral, sem apresentar provas que o sustentem, foi condenada mesmo dentro do partido republicano.
Os senadores Pat Toomey, da Pensilvânia, e Lisa Murkowski, do Alaska, apelaram, no domingo (10), a Trump para que "se vá embora o mais rápido possível". Outros senadores republicanos mostraram-se menos insistentes face ao ainda presidente, mas admitiram pensar em votar favoravelmente pela destituição.