Depois de um dia de compras no centro comercial, é normal chegarmos a casa cansados e sem energia. A única coisa que fazemos é tirar as novas aquisições dos sacos e metê-las no armário. Possivelmente já repete este processo há anos e nem dá conta de que pode estar a prejudicar a sua pele. Às vezes até fica com alguma irritação, talvez até vermelhidão. Mas não associa o problema às roupas novas. De certeza que foi um mosquito. Certo?

Errado. De acordo com Donald Belstio, médico e professor de dermatologia do Centro Médico da Universidade de Columbia, as peças de roupa novas podem provocar efeitos adversos à saúde quando usadas sem pré-lavagem. Em entrevista ao "The Wall Street Journal", o especialista explicou que os corantes e as resinas fenol-formaldeído — usadas para prevenir o bolor e manter as roupas sem vincos —, encontradas nas roupas novas, podem causar irritações na pele e reações alérgicas.

A pré-lavagem de roupas novas vai evitar que qualquer corante residual manche a pele, como disse a médica e dermatologista de Nova Iorque, Hilary Baldwin, ao "Real Simple". Belstio alerta também para os casos de piolhos que foram transmitidos de roupas experimentadas nos provadores das lojas, e da existência de certas doenças infeciosas que podem ser transmitidas através de vestuário, como por exemplo a sarna.

Neste sentido, explica Baldwin, os consumidores devem ter especial cuidado ao pré-lavar peças como roupas íntimas, lingerie e fatos de banho.

Mas reações alérgicas não são o único problema de saúde associado a produtos químicos das nossas roupas. Um estudo de 2014, realizado por um grupo de investigadores da Universidade de Estocolmo, na Suécia, testou 31 amostras de roupas compradas em lojas que eram “diversas em cor, material, marca, país de fabricação e preço e destinadas a um mercado abrangente”. Acabaram por descobrir um tipo de composto químico chamado quinolina em 29 das 31 amostras.

A quinolina é usada em corantes de roupa e os níveis dessa substância química tendem a ser especialmente altos em roupas de poliéster. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA classificou-a como um "possível cancerígeno humano", associando a mesma à “atividade de iniciação tumoral”.

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A peça que comprou e colocou de imediato no armário foi experimentada por outras pessoas. Também é provável que tenha entrado em contacto com outros indivíduos durante as fases de fabricação, envio e venda. Simplesmente não há uma maneira concreta de saber quantas mãos ou outras partes do corpo já tocaram nas nossas roupas, alerta Belstio.

"Em termos de higiene, lavar as nossas roupas novas é a coisa mais inteligente a fazer. Como dermatologista, já vi exemplos de coisas estranhas, portanto não arrisco."

Quando chegar a casa com roupas novas, é importante que não se esqueça de lavá-las em água quente (se for possível submetê-las a essa temperatura, verifique a etiqueta primeiro) e de seguida pendurá-las na secagem, para não danificar o tecido. Assim, elimina grandes hipóteses de se expor a quaisquer reações alérgicas.