Esta segunda-feira, 9 de maio, a Rússia celebra o Dia da Vitória, que assinala a derrota do regime nazi na Segunda Guerra Mundial. Vladimir Putin fez um breve discurso, assegurando que a guerra era necessária para evitar nazis.

O objetivo era "salvar vidas", mas reinou a discordância. Os pontos-chave da reunião entre Putin e Guterres
O objetivo era "salvar vidas", mas reinou a discordância. Os pontos-chave da reunião entre Putin e Guterres
Ver artigo

"Hoje, as milícias do Donbass, juntamente com o exército russo, estão a lutar nas suas próprias terras (...). Agora dirijo-me às nossas tropas e milícias em Donbass: estão a lutar pela sua pátria, pelo seu futuro, para que ninguém esqueça as lições da Segunda Guerra Mundial, para que não haja espaço para os nazis", disse o presidente russo num discurso marcado pelo patriotismo.

Da Praça Vermelha, Putin não deixou de considerar a Rússia como um país forte e de fazer um paralelo entre o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial e a invasão russa a decorrer na Ucrânia. "O sentido de patriotismo era decisivo (...) Temos de fazer tudo para o terror dessa guerra global nunca se repetir mesmo que não exista união entre a opinião internacional", frisou.

Veja imagens da celebração em Moscovo.

O líder russo também aproveitou a ocasião para acusar a NATO de não querer ouvir a Rússia e de avançar para a invasão do país. "Em dezembro de 2021, criámos uma proposta, mas nada foi ouvido, o que significa que, na verdade, eles tinham outros objetivos e, neste momento, estamos a ver isso. Estava a ser preparada outra operação em Donbass, com entrada para as nossas terras históricas. A Nato começou a avançar e, desta maneira, a Rússia foi ameaçada. (...) Estamos a ver como estão a ser preparadas infraestruturas militares, fornecimento dos armamentos mais modernos e a ameaça estava a crescer todos os dias mais. A ação que tomámos era a única e certa solução. Solução de um país independente e autónomo", defendeu.

Putin acusou ainda os norte-americanos de serem "russofóbicos" e de constantemente falsificarem dados da Segunda Guerra Mundial, escreveu o jornal "ECO"."A Rússia tem um caráter diferente [dos Estados Unidos]. Nunca vamos recusar no nosso amor pelo país, pelos valores e tradições das nossas gerações. No ocidente, esses valores foram cancelados. Essa degradação também estava na base da Segunda Guerra Mundial", considerou.

O discurso era muito aguardado, mas Putin não trouxe palavras inovadoras para o que tem dito nos últimos tempos. As ideias foram repetidas, bem como os paralelos entre o passado e o presente, já a pensar no futuro. Comparou os soldados russos na Ucrânia aos veteranos da Segunda Guerra Mundial.

"Para que ninguém se esqueça da Segunda Guerra Mundial, temos de destruir o nazismo", disse repetindo uma ideia que já tem vindo a usar o começo da invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro.

Putin, que falava no discurso do 77.º aniversário da vitória soviética sobre a Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial, não declarou guerra nem referiu armas nucleares, mas não deixou de justificar a sua investida armada na Ucrânia como algo necessário. Homenageou todos os militares presentes e os que já morreram.

Este ano, o Kremlin preparou uma parada militar com 11 mil soldados que marcharam por Moscovo. Houve silêncio para homenagear os soldados do passado e Putin lembrou a importância do dia 9 de maio de 1945, o Dia da Vitória perante a Alemanha Nazi.