Esta segunda-feira, dia 27 de julho, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) emitiu um comunicado a alertar para as repercussões da pandemia do novo coronavírus nas crianças. De acordo com os dados da Organização das Nações Unidas (ONU), pode vir a aumentar em cerca de 6,7 milhões o número de crianças, com menos de cinco anos, que sofrem com o desperdício alimentar e consequente subnutrição, aumentando para 54 milhões face aos 47 milhões de crianças sinalizadas em 2019.

Segundo um outro estudo estatístico, publicado no "The Lancelet", 80% das crianças em risco de subnutrição são da África Subsaariana e sul da Ásia. No entanto, mais de metade dessa percentagem corresponde a crianças do sul de África. A subnutrição causa magreza extrema às crianças, assim como fraqueza e dificuldade de processamento cerebral. Este problema da sociedade tem origem no desperdício alimentar.

"Os primeiros casos de COVID-19 surgiram há sete meses e é cada vez mais claro que as repercussões da pandemia estão a causar mais danos às crianças do que a própria doença", referiu Henrietta Fore, diretora executiva da UNICEF, em comunicado. Acrescentando que devido à pandemia “a pobreza das famílias e as taxas de insegurança alimentar aumentaram, os serviços essenciais de nutrição e cadeias de suprimentos foram interrompidos. Os preços dos alimentos subiram. Como resultado, a qualidade das dietas infantis diminuiu e as taxas de desnutrição aumentam", terminou.

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É esperado que este ano de 2020 o número aumente para 54 milhões, caso não haja intervenção. É nesse sentido que a UNICEF pede um apoio célere para se conseguir angariar 2,4 bilhões de dólares, através da sua campanha Reimagine, para se conseguir prevenir e tratar a desnutrição infantil causada pela pandemia, bem como melhorar a nutrição materna.

De acordo com as agências da ONU, a subnutrição é apenas a ponta do iceberg. A pandemia do novo coronavírus bloqueou muitas equipas de voluntários que prestavam auxílio nos países em desenvolvimento, e isso levou a que as doenças ali existentes começassem a progredir, tal como o nanismo (indivíduos cuja altura não se desenvolve de acordo com os padrões da restante população) ou outras deficiências.

Assim, é esperado que a UNICEF consiga angariar o valor monetário pretendido para que se criem novas medidas de proteção social, preservação dos direitos humanos e, principalmente, que se combata a subnutrição nas crianças em risco.