Eram 14h35 quando Beryl Wright, empregada na loja de produtos internacionais Duty Free, entrou na casa de banho das mulheres no aeroporto de Gatwick, no Reino Unido. Enquanto lavava as mãos, alguma coisa pareceu mexer-se. Curiosa, Beryl aproximou-se daquilo que parecia ser apenas um monte de trapos. Quando afastou o cobertor xadrez azul e branco, porém, viu um bebé a dormir profundamente.
Depois de 15 anos à procura dos pais, o bebé que ficou conhecido como Gary Gatwick conseguiu finalmente descobrir quem são os progenitores. O anúncio foi feito através de uma página de Facebook este sábado, 11 de maio.
"Infelizmente a minha mãe biológica morreu, portanto não fui capaz de perceber exatamente o que aconteceu e porquê", escreveu. "No entanto, encontrei o meu pai e irmãos de ambos os lados, que não faziam a menor ideia da minha existência."
Steve procura os pais desde os 18 anos
Foi no dia 10 de abril de 1986 que Steve Hydes foi abandonado. No início, Beryl Wright achou que a mãe pudesse estar nalgum cubículo da casa de banho, mas não havia sinal dela. No exterior, a mesma coisa. Ninguém parecia estar à procura dele, ninguém parecia ter visto nada. Aquele pequeno rapaz de apenas dez dias tinha sido abandonado.
Beryl levou-o para a loja e alertou as autoridades. Para mantê-lo tranquilo, deu-lhe um peluche da loja onde, na T-shirt amarela com um avião, podia ler-se: Gary Gatwick. Foi assim que, antes de ser adotado, o pequeno bebé, aparentemente de boa saúde e bem alimentado, ficou conhecido na imprensa como Gary Gatwick.
A polícia tentou perceber o que tinha acontecido. De acordo com a imprensa da altura, os principais suspeitos eram um casal caucasiano, com entre 25 a 30 anos, que foram captados pelas câmaras a carregar aquilo que parecia ser um bebé. Não deu em nada. Mais tarde receberam uma chamada anónima de uma mulher, que poderia ser a mãe do bebé. A polícia não revelou pormenores do que foi dito, mas também não deu em nada.
Gary Gatwick cresceu, tornou-se em Steve Hydes, mas nunca desistiu de tentar perceber o que aconteceu naquele dia. Apesar de ter tido uma infância que descreveu ao "The Sun" como "maravilhosa", ao lado de três irmãs, as perguntas sem resposta torturavam-no. "É o não saber", disse ao jornal. "Não saber porque é que isto aconteceu".
A imprensa tem sido um dos seus principais aliados: a 26 de novembro de 2010 deu uma entrevista à revista "Your Life", em 2011 escreveu uma carta aberta à mãe que foi publicada na "Bella Magazine". Antes disso, em 2006, também apareceu em vários jornais depois de se reencontrar com Beryl, a lojista que o descobriu no aeroporto.
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Em 2010, Steve criou também a página de Facebook Gary Gatwick Airport Baby Abandoned. Com um total de 60 mil seguidores, era através desta plataforma que partilhava novas desenvolvimentos sobre a sua história e pedia ajuda a quem tivesse alguma pista. Depois de 33 anos de luta, o homem conseguiu finalmente escrever as palavras "Boas notícias".
"Como devem imaginar, é uma questão bastante delicada para todos os envolvidos e muito recente, mas queria aproveitar esse momento para agradecer a todos o apoio ao longo dos anos".
E para já é tudo o que se sabe. Hoje Steve vive em Littlehampton, uma cidade a cerca de 40 quilómetros de Gatwick. Casado com Sammy, é pai de duas meninas.