Durante os últimos anos nos EUA, as lojas com material escolar deixaram de ter só mochilas com imagens de super-heróis estampadas. Várias empresas começaram a comercializar mochilas que dizem ser resistentes ou à prova de bala.
É que só em 2019 registaram-se 250 tiroteios em massa e, embora os números sejam preocupantes, ajudam a explicar o contexto atual e as consequências da falta de leis que regularizem o porte de arma na região. Talvez por isso haja cada vez mais pais a optar por comprar mochilas à prova de bala para os filhos levarem para a escola.
Depois dos dois massacres em El Paso e Dayton, que resultaram na morte de 30 pessoas em menos de 13 horas, a venda destes produtos "aumentou em 200%" e a tendência é para que o número continue a subir.
Quem o diz é Joe Curran, fundador da Bullet Blocker que, segundo conta ao canal americano CNN, começou a colocar material à prova de bala dentro das mochilas dos seus dois filhos depois do tiroteio de 2007 numa escola em Virgina, que matou 32 pessoas.
Naquela altura, os pais dos colegas dos filhos pediram-lhe que fizesse o mesmo às suas mochilas e a ideia acabou por se transformar num negócio rentável. Steve Naremore, CEO da TuffyPacks, outra empresa especializada em mochilas à prova de bala, é da mesma opinião.
"Vemos sempre um aumento de vendas nos dias ou nas semanas seguintes a tiroteios como o de El Paso ou Dayton. As vendas da TuppyPacks, por exemplo, aumentaram em cerca de 300%", conta. E o negócio surgiu em meados de 2015 quando a sua filha, professora do ensino básico, lhe contou que era recorrente ter de participar em simulacros de tiroteios com os alunos.
Mas estas são apenas duas marcas num mercado emergente que vê no contexto atual uma oportunidade de fazer dinheiro. As primeiras mochilas, comercializadas em meados de 2007, custavam cerca de 143 euros.
Atualmente, há opções mais baratas e já é possível comprar uma mochila destas por cerca de 89€ — mas o valor pode chegar até os 446€ dependendo do material, da durabilidade da mochila e da robustez do produto. O tempo de validade geralmente mantém-se nos cinco anos.
Apesar da popularidade, há dúvidas quanto à eficiência destas mochilas. À revista "Newsweek", Kelly Laco, porta-voz do Departamento de Justiça dos EUA, explica que estes produtos nunca são testados da mesma forma que equipamentos usados por militares ou agentes das autoridades o são.
"O Instituto Nacional de Justiça, a agência de pesquisa, desenvolvimento e avaliação do Departamento de Justiça, nunca testou nem certificou produtos à prova de bala como mochilas, lençóis ou malas. Qualquer campanha de marketing que alegue o contrario é falsa", alerta.