O fotojornalista ucraniano Maks Levin, 40 anos, encontrado morto em abril deste ano, foi “executado a sangue-frio” por tropas russas, apurou uma investigação da organização não-governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras (RSF), avança o jornal "Expresso". O relatório foi divulgado esta quarta-feira, 22 de junho, e a ONG afirma que vai continuar a investigar de modo a encontrar os responsáveis do violento assassinato.

“Devemos-lhes a verdade. E vamos lutar para identificar e encontrar aqueles que os executaram", disse o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, referindo-se também ao soldado e amigo de Levin, Oleksiy Chernyshov. Ambos foram executados por soldados russos a 13 de março numa floresta perto da cidade de Doshchun, provavelmente depois de interrogados e torturados, conforme apuraram os RSF.

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O processo de investigação decorreu entre 24 de maio e 3 de junho e foi realizado pelo chefe da área de investigação da RSF, Arnaud Froger, e pelo fotojornalista de guerra francês Patrick Chauvel. O fotojornalista francês tinha trabalhado com Levin em Donbass no final de fevereiro, após o início da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, a 24 de fevereiro.

Depois dessa data, Levin continuou no terreno com ajuda de um grupo de soldados ucranianos que conhecera em 2014. A 10 de março perdeu o drone que usava para fotografar a floresta perto de Doshchun e quando voltou para o recuperar, três dias depois, a região estava parcialmente ocupada por tropas russas, mas ainda assim tentou encontrar o equipamento.

A última publicação de Levin nas redes sociais foi a 12 de março, na qual o fotojornalista ucraniano fez uma comparação entre o cenário de guerra atual e a Segunda Guerra Mundial.

Os autores da investigação reuniram várias provas do crime, entre elas possíveis vestígios de ADN dos soldados e 14 buracos de bala nos destroços do carro de Levin e Chernyshov, que foi incendiado e abandonado no local.

Além do fotojornalista ucraniano Maks Levin, até 6 de junho, morreram 32 jornalistas no conflito, segundo o ministro da Cultura ucraniano, Oleksandr Tkachenko.