Recorda-se do filme "Labor Pains", em que Lindsay Lohan simula uma gravidez para manter um emprego em risco e acaba por prolongar a mentira por nove meses para "usufruir de tratamento especial"? Ora, esta história é semelhante, com a diferença de que se trata de um caso real e não de um filme realizado por Lara Shapiro.

Robin Folsom, de 43 anos, trabalhava como funcionária pública numa Agência de Reabilitação Profissional, no estado de Georgia, nos Estados Unidos, quando, em outubro de 2020, informou o departamento de recursos humanos de que estava grávida.

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Em primeira instância, tudo parecia normal. No entanto, em março do mesmo ano, estaria a pouco mais de dois meses da data prevista para o parto, quando uma colega de trabalho levantou suspeitas face à veracidade da sua condição.

Isto porque, segundo a mesma colega revelou às autoridades, a barriga saliente não parecia real e a parte inferior do estômago parecia estar separada do resto corpo. "[A colega] acreditava que Folsom usava uma barriga falsa", revelou o Gabinete de Inspeção-Geral de Georgia (OIG), através de um comunicado de imprensa, divulgado a 14 de fevereiro.

"Folsom terá enviado fotos do seu novo bebé a vários colegas, que alegaram que as imagens pareciam inconsistentes e representavam crianças com tons de pele variados", lê-se no mesmo documento, que acusa a ex-funcionária de já ter simulado outras gravidezes.

"Já tinha reportado o nascimento de uma criança em julho de 2020 e alegou estar novamente grávida em agosto de 2021", avançam as autoridades norte-americanas, que garantem que não existe qualquer certidão de nascimento que indique Robin Folsom como mãe e que uma revisão minuciosa dos seus registos médicos mostra que não há qualquer indício de que a ex-funcionária pública tivesse alguma vez dado à luz uma criança.

A empresa deu-lhe sete semanas de "férias pagas"

Segundo a acusação, Robin Folsom anunciou que deu à luz a 1 de maio de 2021 — e a 6 de maio a direção da agência terá recebido um e-mail de um homem chamado Bran Otmembebwe, que se assumia como pai da criança, e "pedia várias semanas de descanso para a mulher depois do parto", que se encontrava com um quadro clínico de risco, avança o "Daily Mail".

A empresa deu-lhe sete semanas de férias pagas "que de outra forma não teriam sido aprovadas", mas as suspeitas levantadas pela colega suscitaram dúvidas no caso, que passou a ser investigado pelas autoridades competentes. Em outubro de 2021, a ex-funcionária pública foi interrogada e negou qualquer fraude, mas demitiu-se no mesmo mês.

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Folsom enfrenta agora três acusações por falsas declarações e uma acusação por fraude de identidade e deve regressar a tribunal 4 de abril. Em causa está uma pena de prisão que pode chegar aos 25 anos e uma multa de 103 mil dólares (cerca de 99 mil e 500 euros) em multas. Isto, no caso de ser considerada culpada das quatro acusações.

Em Portugal, contratos não renovados a mulheres grávidas atingem novo máximo

O caso de Robin Folsom revela-se surpreendente, sendo que a não renovação de contratos de trabalho a prazo a trabalhadoras grávidas ou a pais em gozo de licença parental atingiu um novo máximo em 2020, com mais de duas mil comunicações à Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE).

Em 2020, a CITE recebeu 2107 comunicações a justificar o motivo da não-renovação de contratos destes trabalhadores, o que representa o maior número de sempre e um aumento de 20% face ao ano anterior, em que se contabilizaram 1.759 comunicações, avança o jornal "Público".