Este é o oitavo dia da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. As sirenes em Kiev, capital ucraniana, voltaram a soar na madrugada desta quinta-feira, 3 de março, perto das 6h em Portugal, após o mesmo ter-se repetido durante a noite. Foi assim que começou o dia na Ucrânia, que pode terminar de forma diferente após a nova reunião entre as delegações das Rússia e da Ucrânia, que foi adiada da noite desta quarta-feira para quinta-feira. O encontro está agendado para as 12h (hora de Lisboa).
Os confrontos entre a Ucrânia e Rússia já resultaram num total de 9000 mortes nas tropas russas, o que aumenta ainda mais a confiança da Ucrânia em ganhar a guerra começada a 24 de fevereiro. "Isto é uma verdadeira guerra popular para a Ucrânia. Putin não tem hipótese de ganhar a isto”, escreveu o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, no Twitter.
Também o presidente da Ucrânia, Vlodymyr Zelensky, deixou esta manhã uma mensagem na rede social Telegram na qual frisa a força do povo ucraniano. "Se alguém pensa que, tendo superado tudo isto, os ucranianos ficarão assustados, fragilizados ou se renderão — não sabe nada sobre a Ucrânia", pode ler-se.
Fazemos um resumo de tudo o que tem de saber sobre o oitavo dia de guerra.
1. Avião russo abatido perto de Kiev e abatimentos até ao momento
Um avião russo que sobrevoava Irpin, uma pequena cidade no noroeste de Kiev, foi abatido pelas forças armadas ucranianas. A notícia foi avançada pelo jornal "The Kyiv Independent", que faz ainda uma nota sobre o facto de Irpin funcionar como "cidade satélite de Kiev". Nesta mesma localidade, os ucranianos chegaram até a quebrar uma ponte para travar a invasão russa.
O avião russo Sukhoi Su-30 junta-se à lista dos 30 aviões até agora abatidos pelas Forças Armadas da Ucrânia desde que o país foi invadido e à lista juntam-se 31 helicópteros e 217 tanques. A imprensa ucraniana avança ainda que terão morrido cerca de nove mil tropas russas até esta quinta-feira, 3 de março.
Já sobre os civis, os serviços de emergência ucranianos avançam que, nas últimas 24 horas, morreram 34 pessoas (entre as quais dez crianças) e há 285 feridos provocados pelos bombardeamentos na cidade de Kharkiv. A cidade foi ainda alvo de mísseis russos que, esta quarta-feira, atingiram pelo menos três escolas, uma catedral e lojas, segundo a CNN.
2. Ucrânia e Rússia voltam a encontrar-se para negociar
A primeira reunião entre as delegações russas e ucranianas aconteceu esta segunda-feira, 28 de fevereiro, e a segunda estava marcada para quarta-feira. Contudo, o encontro foi adiado para esta quinta-feira, 3, e objetivo é que ambos os países discutam o conflito e apresentem as exigências para terminar com a guerra que começou há precisamente uma semana.
A reunião terá lugar em Belovezhskaya Pushcha, na região de Brest, na Bielorrússia, junto à fronteira com a Polónia, de acordo com a agência russa TASS, e deverá acontecer por volta das 12h (em Portugal), segundo o porta-voz da equipa negocial russa, Vladimir Medinsky, citado pela "Sky News".
Contudo, é pouco provável que desta nova sessão saia o acordo para o fim imediato da guerra. "Isso implica quatro coisas que ainda não estão garantidas: um território neutral, mediador credível, cessar-fogo total e uma disposição das duas partes para conceções mútuas", refere o comentador Germano Almeida à SIC Notícias.
3. Grupo Jerónimo Martins retira produtos russos e bielorrussos dos supermercados na Polónia
Como forma de apoiar a população ucraniana, o grupo Jerónimo Martins (dono da cadeia de supermercados Pingo Doce) tomou medidas que abrangem a cadeia da empresa na Polónia, denominada Biedronka. Nas lojas deste país deixarão de estar à venda 16 produtos de origem russa e bielorrussa e além disso, foram reduzidos os preços de 50 produtos de primeira necessidade em 43 lojas localizadas perto da fronteira com a Ucrânia.
Anteriormente a esta medida, a Biedronka já tinha anunciado um "apoio financeiro não reembolsável de 1.000 zloty [cerca de 211 euros, à taxa de câmbio atual] aos seus quadros ucranianos, que apenas necessitam de submeter uma candidatura que foi preparada para ser muito simples". Outro financiamento foi lançado em conjunto pela Biedronka e a Fundação Biedronka para ajudar os refugiados que chegam à Polónia e, com o mesmo objetivo, mobilizaram mais de um milhão de euros "para distribuir alguns produtos básicos", assim como "produtos de higiene pessoal e de limpeza”, segundo o jornal "Expresso".
4. Oligarca russo oferece dinheiro por detenção de Vladimir Putin
“Prometo pagar um milhão de dólares a qualquer agente da polícia que, cumprindo o seu dever constitucional, detenha Vladimir Putin como criminoso de guerra, segundo o direito russo e internacional”, escreveu no Facebook um empresário russo residente dos EUA, Alex Konanykhin, que ofereceu mais de 900 mil euros para quem cumprisse com o que pediu na rede social.
A publicação, acompanhada de uma imagem com a frase "Procura-se vivo ou morto" acabou por ser apagada, mas o empresário não se demoveu da intenção e voltou a fazer uma publicação com o mesmo texto no qual condena o presidente da Rússia, que descreve como "criminoso de guerra".
“Putin não é o presidente russo, já que chegou ao poder em resultado de uma operação especial de rebentar edifícios de apartamentos na Rússia, depois violou a Constituição ao eliminar as eleições livres e assassinar os seus opositores”, escreveu também.
5. Crimes de guerra podem levar Putin para a prisão
De facto, Alex Konanykhin terá razão quando diz que Putin será um "criminoso de guerra". A contribuir para isso está o facto de o Tribunal Penal Internacional [TPI] ter aberto na segunda-feira uma investigação à Rússia para recolher provas sobre a existência de crimes de guerra e crimes contra a Humanidade desde o início do conflito.
Em investigação está o uso de bombas de fragmentação, bombas de estilhaços e bombas de vácuo e ainda o ataque a zonas habitacionais, hospitais, orfanatos e escolas, tal como aconteceu esta quarta-feira, 2.
Se vier a confirmar-se, Vladimir Putin pode mesmo ser condenado com pena de prisão. “O Tribunal Penal Internacional nasce com a intenção de responsabilizar os dirigentes do Estado e Putin seria julgado, condenado e preso", afirma Elizabeth Accioly, especialista em Direitos Internacionais e professora na Universidade Europeia, à CNN Portugal.