O cantor quer a repetição do julgamento do acidente que vitimou Sara Carreira. A leitura da sentença ocorreu no início do ano, a 12 de janeiro, e, na altura, três dos arguidos foram condenados a prisão com pena suspensa. Ivo Lucas, o quarto arguido, foi condenado a dois anos e quatro meses de prisão com pena suspensa e a um ano de inibição de condução por homicídio negligente na forma grosseira.

De acordo com o "Correio da Manhã", no recurso enviado ao Tribunal da Relação de Évora, a defesa de Ivo Lucas apontou várias falhas ao Tribunal de Santarém, onde decorreu o julgamento. No documento a que o jornal teve acesso, o advogado Rodrigue Devillet Lima defende que “Ivo Lucas não conduzia de forma desatenta nem circulava em excesso de velocidade", como o Tribunal de Santarém deu como provado, e garante que seguia entre os 116 e 120 quilómetros por hora na noite em que ocorreu o acidente.

A defesa do cantor defende ainda que a juíza sobrevalorizou as declarações dos peritos e as imagens das câmaras da Brisa, ignorando o depoimento dado pelas testemunhas. “Não pode deixar de saltar à vista que há aqui uma manifesta incongruência entre a prova que resulta dos autos e depoimentos de testemunhas”, disse o advogado, de acordo com o "CM". Rodrigue Devillet Lima alega ainda que “as testemunhas confirmam, ou pelo menos lançam a dúvida razoável”, sobre se a viatura da fadista Cristina Branco, onde o cantor acabou por colidir, era visível num raio de 400 metros.

A defesa de Ivo Lucas também coloca em causa se foi o embate no carro de Cristina Branco que causou a morte de Sara Carreira ou o embate causado pelo arguido Tiago Pacheco que, afirmam, circulava a pelo menos 146 quilómetros por hora. O objetivo deste recurso é a absolvição de Ivo Lucas, mas, caso não seja esta a decisão final dos juízes, a equipa de defesa pede o reenvio do processo para novo julgamento.

O acidente que resultou na morte da cantora Sara Carreira, ocorreu a 5 de dezembro de 2020, e Paulo Neves e Ivo Lucas foram acusados do crime de homicídio por negligência grosseira, com uma sentença de três anos e quatro meses e dois anos e quatro meses, respetivamente. Cristina Branco foi acusada do crime de homicídio por negligência, com prisão com pena suspensa de um ano e quatro meses, e Tiago Pacheco por condução perigosa, tendo de pagar uma multa de 150 dias à taxa de 7€. Ivo Lucas conduzia o carro onde seguia com a namorada, que terá embatido contra o carro da fadista Cristina Branco, e este já tinha embatido contra outra viatura que circulava na faixa da direita a menos de 50 quilómetros por hora. O cantor, na altura, disse não se ter apercebido do impacto e só ter tido consciência a partir do momento em que se encontrava “a atravessar a estrada, sem t-shirt e com o braço todo desfigurado”, segundo o “Observador”.