Num País conhecido pelo “calor humano”, os números mostram outra realidade: 70% dos portugueses admite que falta afeto nas suas relações. Os dados são revelados pelo primeiro estudo científico sobre afetos realizado em Portugal e mostra que, apesar da vontade, muitos de nós continuam a ter dificuldade em expressar aquilo que sentimos.

A investigação “Os portugueses e os seus afetos: será que nos entendemos?”, que conta com a curadoria científica do psiquiatra Daniel Sampaio, combinou 800 entrevistas online e três grupos de discussão, e traça um retrato claro: queremos relações mais próximas, mas perdemos prática no afeto.

Sofia Ribeiro. "O que realmente importa são as pessoas, os afetos, é o amor, o carinho"
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Entre os inquiridos, 64% sente que a sociedade está menos empática do que há cinco ou dez anos. Quase o mesmo número, 62%, acredita que os afetos continuam a ser pouco valorizados, uma tendência que, segundo o estudo, afeta tanto as relações pessoais como a forma como nos movimentamos em comunidade.

E não se trata de falta de sentimento, mas sim de expressão: 48% das pessoas reconhece que podia ser mais afetuosa com quem gosta. Ou seja, há vontade, mas faltam ferramentas e segurança emocional para traduzir o que sentimos em gestos concretos.

Além disso, 44% afirma que gostaria de ter uma ligação afetiva mais forte com pelo menos uma pessoa próxima, o que mostra um desejo claro de reaproximação. Mas há um dado curioso: para 58% dos inquiridos, cozinhar com alguém é um momento de verdadeira ligação.

Os resultados do estudo, enviado em comunicado e que foi promovido pela Mimosa e conduzido pela Return On Ideas (ROI), chegam num momento em que, segundo a investigação, “falar de afetos não só é pertinente como necessário”.