Joseph Flavill, de 19 anos, foi atropelado a 1 de março enquanto caminhava em Burton upon Trent, Staffordshire, em Inglaterra, acidente que o deixou em coma com uma lesão cerebral. Por esta altura, a COVID-19 ainda era uma realidade distante. O vírus chegou ao Reino Unido a 31 de janeiro, quando foi detetado o primeiro caso, e tornou-se um problema mais sério quando o país entrou em confinamento obrigatório, a 23 de março.

Passaram dez meses desde que Joseph entrou em coma e está agora a recuperar aos poucos no centro Adderley Green, em Stoke-on-Trent. Por essa razão, não vai saber para já a gravidade da pandemia de COVID-19 que o mundo está a enfrentar.

"Ele não vai saber nada sobre a pandemia, pois está a dormir há dez meses", afirmou a tia do jovem, Sally Flavill Smith, ao jornal "The Guardian". "A consciência está a começar a melhorar agora", diz, no entanto, não é a altura certa para contar porque além de a família nem saber "por onde começar", não fazem ideia se Joseph vai entender tudo aquilo pelo qual o mundo passou.

Contudo, o jovem de 19 anos tem conhecimento de que o  vírus existe, uma vez que as restrições no Reino Unido impedem que a família o visite. "Falámos sobre isso ao telefone e tentámos explicar que queríamos muito estar ali a segurar as mãos dele, mas simplesmente não podemos fazer isso [por causa da COVID]", conta a tia, que acrescenta que quando puderem estar juntos pessoalmente, tudo lhe será explicado.

Até porque Joseph Flavill foi uma das vítimas da COVID-19. Enquanto esteve em coma, ficou infetado duas vezes com o novo coronavírus, acabando por recuperar em ambas as infeções. Uma delas coincidiu com a data do aniversário de Joseph, a 19 de dezembro. Apesar de nesse dia a mãe, Sharon, ter conseguido visitá-lo, teve de manter a distância e usar equipamento de proteção.

Antes do acidente, Joseph era ativo, dedicado ao desporto e fora até reconhecido com uma medalha de ouro no prémio The Duke of Edinburgh — que valoriza jovens que se dedicam a ações de voluntariado na comunidade.

Mas agora o rapaz de 19 anos tem pela frente um "longo caminho" para recuperar das mazelas que o deixaram em coma. Joseph Flavill já consegue seguir orientações para tocar na orelha esquerda e direita, mover a boca e as pernas e comunicar com a família respondendo sim ou não ao piscar os olhos. Estes progressos em apenas três semanas são "absolutamente incríveis", orgulha-se a tia.

Para ajudar na recuperação de Joseph, foi criada campanha de angariação, que já conseguiu juntar um total de 30 mil libras (cerca de 37 mil euros).