O antigo presidente da federação espanhola de futebol, Luis Rubiales, começou a ser julgado esta segunda-feira, 3 de fevereiro, por agressão sexual a Jenni Hermoso, jogadora de futebol da seleção espanhola, que beijou sem consentimento aquando da final do Mundial feminino de 2023. A acusação está a pedir dois anos e meio de prisão para o ex-presidente, assim como uma ordem de afastamento de 500 metros da jogadora, de acordo com o jornal “Marca”.
A acusação considera que o beijo dado por Luis Rubiales à jogadora “não foi consentido”, como Jenni Hermoso disse logo depois do sucedido, explicando que esta tinha sido “uma ação unilateral e de surpresa”. Além disso, Luis Rubiales está também a ser acusado de ter tentado coagir Jenni Hermoso a desculpar o ato publicamente, e com ele serão também julgados por coação o ex-diretor da seleção masculina de Espanha, Albert Luque, o antigo selecionador feminino, Jorge Vilda, e o antigo diretor de marketing da federação, Ruben Rivera, segundo a Telecinco.
A televisão espanhola avançou ainda que o antigo presidente terá de pagar uma indemnização de 50 mil euros a Jenni Hermoso, e que pode vir a ser expulso de toda a esfera desportiva espanhola, não podendo mais exercer qualquer cargo. Algumas das testemunhas que também estarão presentes no tribunal durante o julgamento, segundo o “El País”, são Alexia Putellas, Irene Paredes, Misa Rodríguez e Laia Codina, jogadoras da seleção espanhola, a atual treinadora da seleção feminina, Montse Tomé, e o atual treinador da seleção masculina, Luis de la Fuente.
O julgamento está previsto durar três semanas, com fim a 19 de fevereiro, e foi Jenni Hermoso que começou com o seu testemunho esta segunda-feira. Nas suas declarações, a jogadora explicou que a sua vida “mudou desde então”, e que já não conseguia viver normalmente.
“Tudo isto fez com que não conseguisse divertir-me e impediu-me de viver normalmente. Tive sempre a minha psicóloga comigo. Havia muitas coisas para assimilar”, disse, citada pelo jornal “Marca”. Luis Rubiales falará no próximo dia 12 de fevereiro.
O caso deu-se em agosto de 2023, quando a seleção espanhola feminina venceu a Inglaterra por uma bola a zero e sagrou-se campeã do mundo de futebol feminino. Aquando da entrega das medalhas, Luis Rubiales, na altura presidente da federação espanhola, acabou por abraçar todas as jogadoras de forma mais eufórica, e quando chegou a vez de Jenni Hermoso, agarrou-lhe na cara e deu-lhe um beijo. Mais tarde, a jogadora veio a público dizer que o ato não tinha sido consentido, mas Luis Rubiales disse que tinha sido apenas "um pequeno beijo consentido" e que estava a ser alvo de um "falso feminismo".
Este ato teve repercussões, com a mãe de Luis Rubiales a fazer uma greve de fome e Jenni Hermoso a não ser convocada para os jogos seguintes da seleção espanhola. No entanto, em setembro, o agora ex-presidente da federação espanhola demitiu-se do seu cargo, e semanas mais tarde, a 30 de outubro, a FIFA suspendeu-o de todas as atividades relacionadas com futebol por três anos. Em março de 2024, o Ministério Público espanhol pediu uma pena de dois anos e meio de prisão para o antigo presidente, alegando um crime de abuso sexual e coação, e em abril Luis Rubiales perdeu o recurso. Agora, começou o julgamento.