No mundo das celebridades, a sequência de eventos mais bizarra após o debate presidencial desta terça-feira, 10 de setembro, relaciona duas das pessoas mais influentes e ricas do mundo, Taylor Swift e Elon Musk. Pouco tempo após o frente a frente entre Donald Trump e Kamala Harris, a cantora norte-americana manifestou publicamente o seu apoio à candidata do Partido Democrata.

“Vou votar em Kamala Harris e Tim Walz para a eleição presidencial de 2024. Vou votar em Kamala Harris porque ela luta por direitos e causas que precisam de uma guerreira para as defender. Acho que ela é uma líder dotada, de pulso firme, e acredito que conseguimos ser mais enquanto país se formos liderados pela calma e não pelo caos”, escreveu Taylor, num post publicado nas redes sociais, onde surge com um dos seus gatos ao colo. A artista assina a missiva com “senhora sem filhos e com gatos”, uma ironia dirigida a J.D. Vance, candidato republicano a vice-presidente, que recentemente fez comentários misóginos sobre as mulheres que apoiam o Partido Democrata.

Esta declaração de intenções gerou uma reação por parte de Elon Musk. O dono da rede social X, que é também o homem mais rico do mundo e fervoroso apoiante de Donald Trump, ofereceu-se não só para tomar conta dos gatos de Taylor Swift mas também para lhe fazer um filho (ou dar um filho, não é explícito na frase, o que até pode ser legítimo, uma vez que o empresário tem 12).

https://x.com/elonmusk/status/1833728804579111268

De acordo com uma sondagem pós-debate levada a cabo pela CNN, Kamala Harris saiu vencedora do frente a frente. 63% dos telespectadores consideram que a candidata democrata teve uma melhor performance do que Donald Trump, que se ficou pelos 37%.

Ao longo de 90 minutos, num debate moderado pelos jornalistas Linsey Davis and David Muir, a candidata democrata à presidência dos EUA conseguiu desestabilizar Donald Trump, referindo a sua derrota nas eleições de 2020, os vários casos judiciais nos quais está envolvido e também as inverdades que o candidato republicano tem por hábito divulgar, nomeadamente o número de pessoas que marcam presença nos seus comícios.

Por seu turno, Trump mostrou-se irritado, por vezes frustrado, e como descreve o "The Guardian" na análise do frente a frente, “mordeu o isco” de Kamala Harris. Desfiou uma série de inverdades, teorias da conspiração e declarações surreais, sobre temas como imigração, interrupção voluntária da gravidez e contagem de votos.

1 - O aperto de mão inesperado que surpreendeu Trump

Ainda o debate não tinha começado e já Kamala Harris provocava desconforto em Donald Trump. Assim que os dois, que não se conheciam pessoalmente, entraram no espaço onde decorreu o frente a frente, em Filadélfia, a atual vice-presidente dos EUA dirigiu-se a sorrir ao ex-presidente, estendendo a mão. “Vamos lá ter um bom debate”, disse Kamala. Surpreendido com esta atitude, Trump respondeu. “Prazer em conhecê-la. Divirta-se”.

De acordo com a "Newsweek", esta é a primeira vez desde 2016 que há um aperto de mão entre dois candidatos presidenciais. Especialistas descrevem a abordagem da candidata democrata como uma "jogada de poder", uma vez que Donald Trump não antecipava que a adversária o fosse cumprimentar.

2 - Imigrantes que comem animais de estimação

No seu mandato presidencial, Donald Trump não cumpriu a promessa de construir um muro para impedir a entrada de imigrantes ilegais nos Estados Unidos. O candidato republicano continua a ter nos perigos da imigração uma das suas principais narrativas e, no debate, falou sobre um alegado caso de imigrantes ilegais que, no estado do Ohio, andariam a "comer animais de estimação".

"Em Springfield, estão a comer os cães, estão a comer os gatos, estão a comer os animais de estimação das pessoas que vivem lá. Isto é o que se está a passar no nosso país", disse Trump. A afirmação foi desmentida por David Muir, um dos moderadores do debate, que esclareceu que estes rumores já tinham sido desmentidos pelas autoridades locais.

3 - Trump diz que democratas executam bebés

Em 2022, o Supremo Tribunal norte-americano anulou o direito constitucional ao aborto, revertendo um processo com quase 50 anos. Desde então, a interrupção voluntária da gravidez, bem como o acesso das mulheres a cuidados de saúde pré-natais tem conhecido retrocessos históricos em vários estados norte-americanos (que ficam com o ónus legislativo, após a reversão do caso Roe vs. Wade).

Donald Trump tem tido uma posição mais moderada relativamente à interrupção voluntária da gravidez do que o seu parceiro de boletim de voto, J.D. Vance, cujas posições ultraconservadoras relativamente ao tema têm causado incómodo na ala mais moderada do Partido Republicano.

Numa recente ação de campanha, Trump afirmou que, em estados como o Minnesota (de onde Tim Walz, candidato à vice-presidência, é governador), existe "aborto aos nove meses". "O bebé nasce, a mãe decide que não quer o bebé e o que é que fazem? Executam o bebé! Isso não é um aborto, é uma execução e não podemos ter isso", disse Trump num comício.

No debate desta terça-feira, No entanto, o ex-presidente dos EUA não só elogiou a reversão do direito constitucional ao aborto como voltou a afirmar que não só existem estados onde há "aborto até aos nove meses" como também que tal cenário seria apoiado pelos democratas. "Eles são radicais nesse aspecto", afirmou, tendo sido prontamente desmentido pela jornalista Linsey Davis. "Não há nenhum estado neste país onde seja legal matar um bebé após ter nascido".

4 - Kamala diz que é proprietária de armas e quer leis mais apertadas

Depois de, a 6 de setembro, quatro pessoas terem sido mortas numa escola norte-americana no estado da Geórgia por um adolescente de 14 anos, o tema da posse de armas esteve em cima da mesa durante o frente a frente. Donald Trump voltou a insistir na retórica alarmista de que os democratas querem retirar as armas aos norte-americanos e Kamala Harris desmentiu o oponente. "Eu e Tim Walz somos proprietários de armas, por isso pare com esse disparate de [querermos] tirar as armas às pessoas", disse a candidata presidencial.

Até 31 de agosto já tinham morrido 527 pessoas, vítimas de tiroteios nos Estados Unidos.

As eleições presidenciais norte-americanas acontecem a 5 de novembro. O próximo presidente dos Estados Unidos tomará posse a 20 de janeiro de 2025.