Laken Riley, uma estudante de enfermagem de 22 anos, foi encontrada morta numa zona arborizada no campus da Universidade da Geórgia, onde estudava, no dia 22 de fevereiro deste ano. Nessa manhã, decidiu ir correr e, pelas 8h55, enviou uma mensagem à mãe, Allyson Phillips, a avisá-la.

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“Bom dia, estou prestes a sair para correr se estiveres livre para conversar”, escreveu. Às 9h03 tentou ligar-lhe e depois começou a ouvir música. Às 9h05, Laken Riley foi captada por câmaras a correr com o seu iPhone na mão esquerda. Seis minutos depois, ligou para o 911 (equivalente ao 112 em Portugal), mas não conseguiu falar até desligar a chamada. Ainda lhe tentaram ligar de volta duas vezes, mas já não obtiveram resposta, segundo a ABC News.

Às 9h24, a mãe ligou-lhe e, às 9h38, deixou uma mensagem a pedir que lhe ligasse quando pudesse. Como não obteve resposta, continuou a tentar entrar em contacto com a filha e, às 9h58, enviou-lhe outra mensagem. “Estás a deixar-me nervosa, a não responderes enquanto estás a correr. Estás bem?”, escreveu. A mãe e a irmã continuaram a ligar-lhe e, às 11h47, deixou uma nova mensagem. “Por favor, liga-me, estou muito preocupada contigo”, disse.

Às 12h05, os colegas de quarto da estudante de 22 anos, que foram ao campus procurá-la durante essa manhã, relataram o seu desaparecimento. 33 minutos depois, um polícia da Universidade da Geórgia encontrou o seu corpo a 20 metros do trilho. Os dados do relógio que Laken Riley utilizou durante a corrida mostraram que o seu coração parou às 9h28.

Na manhã do homicídio, as câmaras captaram um homem a dirigir-se para a mesma zona, pouco antes das 8 horas. O suspeito é José Ibarra, imigrante venezuelano de 26 anos que entrou ilegalmente nos Estados Unidos, que foi condenado a prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional na quarta-feira, 20 de novembro. Em maio, declarou-se inocente.

José Ibarra foi visto a deitar fora um casaco ensanguentado e luvas descartáveis perto do seu apartamento no dia do crime às 9h44. O homem captado nas câmaras usava roupa semelhantes às que o suspeito estava a utilizar numa selfie publicada no Snapchat na mesma manhã, incluindo um boné preto da Adidas.

Além disso, o ADN da estudante foi encontrado no casaco e nas luvas e o ADN de Ibarra foi encontrado debaixo das unhas da mão direita da jovem. Ainda, quando foi interrogado no dia seguinte ao crime, tinha vários arranhões nos braços.

Laken Riley sofreu um traumatismo contundente significativo na cabeça, incluindo oito ferimentos no lado esquerdo do crânio e um ferimento logo acima da têmpora direita. Um dos ferimentos foi significativo o suficiente para causar uma hemorragia cerebral, podendo ter sido fatal.

A causa da sua morte foi determinada como sendo os “efeitos combinados de traumatismo craniano contuso e asfixia”, informou Michelle DiMarco, a médica que conduziu a autópsia à jovem. O suspeito estaria a “caçar” mulheres no dia do crime e, como a estudante “recusou ser vítima de violação”, este “bateu-lhe repetidamente no crânio com uma pedra”.

Este caso revoltou os utilizadores das redes sociais, nomeadamente pelo facto de Laken Riley ter tomado as devidas precauções, como correr durante o dia num local movimentado e ter avisado a mãe. Em homenagem à vítima, várias mulheres estão a publicar vídeos a correr durante 17 minutos, o tempo que a estudante terá lutado pela vida desde que ligou para o 911 até ao momento em que o seu relógio deixou de registar batimentos cardíacos.

Esta segunda-feira, 25 de novembro, assinala-se o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, com o objetivo de alertar para a violência física, psicológica, sexual e social de que estas são alvo. Segundo um relatório da ONU lançado neste dia, morrem 140 mulheres ou raparigas diariamente em todo o mundo às mãos dos seus companheiros ou de familiares mais próximos, o que representa uma morte a cada 10 minutos, e cerca de uma em cada três mulheres ainda sofre de violência física ou sexual.

Em 2023, 85 mil mulheres e raparigas em todo o mundo foram mortas intencionalmente, das quais 51 mil (ou seja, 60%) foram assassinadas pelos seus parceiros ou por outros membros da família. Este número cresceu face ao ano anterior, já que, em 2022, as estimativas apontavam para cerca de 48 mil vítimas. Na Europa e nas Américas, a maioria das mulheres foram mortas no contexto doméstico (64% e 58%, respetivamente), vítimas dos respetivos parceiros.