A enfermeira Lucy Letby recebeu a pena mais pesada do sistema judicial inglês — e raramente aplicada — e foi condenada a prisão perpétua pela morte de sete recém-nascidos esta segunda-feira, 21 de agosto. Os crimes, pelos quais foi condenada na sexta-feira, 18, aconteceram entre junho de 2015 e junho de 2016 no hospital de Countess of Chester, no Reino Unido, onde trabalhava.
A mulher de 33 anos foi alvo de 22 acusações, sete por homicídio de bebés e 15 por tentativa de homicídio de outras seis crianças. Lucy Letby, que não compareceu na leitura da sentença, bem como os pais desta, não vai poder requerer liberdade condicional.
Depois de um mês de deliberações, avança a RTP, a enfermeira é agora condenada à "pena mais pesada e rara no Direito inglês". O magistrado referiu que Lucy Letby "agiu de uma forma totalmente contrária aos instintos humanos normais de cuidar de bebés e em flagrante violação da confiança que todos os cidadãos depositam nos profissionais de saúde", e acrescentou que "houve premeditação, cálculo e desonestidade nas ações".
Primeiro-ministro quer obrigar condenados a comparecer na sentença
Depois de Lucy Letby não estar presente na leitura da sentença, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, quer mudar a lei para que tal não volte a acontecer." Quando se cometem crimes tão horrendos é uma cobardia não confrontar as vítimas”, disse, antes de referir que o governo está a planear alterar a lei para obrigar os condenados a comparecer na sentença, refere a RTP.
Entre as vítimas de Lucy Letby estão dois irmãos trigémeos, mortos com menos de 24 horas de intervalo, um recém-nascido com menos de 1 kg e uma menina que nasceu 10 semanas antes do previsto e que acabou por morrer à quarta tentativa.
A enfermeira terá injetado ar em alguns bebés, envenenado outros com insulina e ainda alimentado os recém-nascidos à força. Estão em causa cinco meninos e duas meninas. O julgamento durou dezenas de dias e mais de 100 horas, de acordo com a CNN Portugal. Os pais das crianças estiveram presentes, bem como a mãe de Lucy, que chorou e que se mostrou incrédula.
Lucy Letby alegou a sua inocência durante todo o julgamento. No entanto, num bilhete encontrado por polícias que revistaram a casa da enfermeira de 33 anos, podia ler-se o seguinte: "Eu matei-os de propósito, porque não sou boa o suficiente para cuidar deles. Sou uma pessoa horrível e má". Lucy Letby foi considerada pela BBC "a maior e prolífica assassina de crianças do Reino Unido dos tempos modernos".