Uma mãe conseguiu convencer os médicos de que a sua filha era inválida e que, por isso, precisava de uma cadeira de rodas, uma sonda alimentar e medicamentos para prevenir ataques epilépticos. Hoje com 12 anos, esta criança passou os últimos oito anos a viver como se estivesse doente, ainda que fosse saudável.

Justice Judd, juíza do Supremo Tribunal, concluiu que a criança sofreu "danos significativos", como resultado dos comportamento da mãe. As provas foram analisadas em outubro concluíram que a mulher deu a vários médicos um "relato exagerado ou errado" acerca da saúde e do comportamento da menina.

Além da epilepsia não controlada, a mulher — que não pode ser identificada, assim como o local exato do Reino Unido onde o caso teve lugar — dizia ainda que a filha sofria de autismo e de outras doenças. A mãe negou as acusações, mas o tribunal decidiu contra ela. "Com tantos médicos e outros profissionais envolvidos na sua vida, a repetição de informações imprecisas de um para o outro teve um efeito de bola de neve", disse o juíza, citado pelo "Daily Mail".

De acordo com o mesmo jornal, a menina terá tido ataques epilépticos a partir dos 18 meses de idade, tendo o relato exagerado de episódios, assim como o relato de outros falsos sintomas, começado a partir de 2012.

No ano seguinte, recebeu a cadeira de rodas: "Durante o ano de 2013, a mãe relatou diversos problemas com a filha, incluindo convulsões repetidas, sangramentos nasais, problemas intestinais e de bexiga, sonolência excessiva e alguma dormência, o que significa que ela não conseguia andar longas distâncias. A menina recebeu uma cadeira de rodas no final desse ano."

Entretanto, a medicação foi aumentada e em 2017 a menina passou a receber uma dieta especial, administrada através de uma sonda de alimentação.

Foi depois de, em 2018, a jovem se ter mostrado agitada numa consulta para substituir o tubo desta sonda que os médicos começaram a suspeitar de esta mãe estaria a medicar excessivamente a sua filha.

Posteriormente, em 2019, assistentes sociais avaliaram a criança e consideraram-na saudável. "Ficou rapidamente claro que ela é uma criança normal ... Ela é fisicamente normal e cheia de energia", disse o juíza. "O contraste face à menina que a mãe descreveu para todos os profissionais de 2012 em diante é enorme." A criança foi, entretanto, retirada da mãe e vive com outros familiares. 

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A história é semelhante  — com um final muito menos trágico — à de Gypsy Rose Blanchard. Esta menina viveu numa cadeira de rodas, com medicação excessiva, com sonda alimentar e com muitas outras falsas doenças, por vontade da mãe, Clauddine Blanchard, uma mulher com síndrome de Münchhausen, uma doença em que os indivíduos fingem, em si ou nos outros, doenças para chamar atenção ou simpatia sobre eles. A história é narrada na séria da HBO "The Act".