Uma descoberta devastadora transformada numa vitória inesquecível. É assim a história de Lucy Grossage, uma médica oncologista de 45 anos que venceu a Spine Race, uma ultramaratona de 430 quilómetros que vai do Parque Nacional Peak District, em Derbyshire, no Reino Unido, até à fronteira com a Escócia.
Mas o que é que esta vitória tem de especial? Bem, no fundo, a médica conseguiu-a depois de ficar com o coração partido. No ano passado, ao terminar a mesma prova, descobriu que o namorado tinha um caso com outra mulher, diz o "Daily Mail". E a revelação chegou através de uma mensagem nas redes sociais, enviada pela amante do companheiro.
Ao ver fotografias do casal na corrida, a mulher confessou estar a namorar com o mesmo homem, com quem Lucy Grossage estava há três anos, há vários meses. Este ano, a profissional de saúde voltou ao percurso decidida a "reclamar as memórias" que tinha feito com o namorado e venceu a prova em 87 horas, 41 minutos e 38 segundos, com apenas três horas e 40 minutos de descanso.
"Foi como se o meu mundo desabasse no ano passado. Parecia que estava a fazer o luto por alguém que nunca existiu", afirmou, citada pela mesma publicação. Este ano, ao cruzar a meta, o sentimento era outro. "Não sei de onde veio esta performance. Surpreendeu-me. Foi como sobreviver e sentir-me viva", explicou, dizendo que o mais complicado foi forçar-se a comer, mesmo não tendo apetite.
A corrida, conhecida pelo seu desnível equivalente a escalar o Monte Evereste e por temperaturas que caem até aos -8°C, é uma das mais duras do mundo. Para os 150 participantes que partiram este ano, a Spine Race exige resistência física e mental, com menos de metade dos atletas a terminar a prova – Lucy Grossage foi uma delas.
O mais impressionante é que, em jovem, a oncologista nunca foi adepta de desporto. Só se tornou triatleta profissional aos 34 anos, depois de se dedicar a uma carreira académica cujo objetivo era estudar o cancro nos rins. Hoje, conta com 14 títulos do Ironman e é também uma das fundadoras da Move Against Cancer, uma instituição que incentiva pacientes oncológicos a serem ativos.
"Para mim, fazer coisas que nos assustam e parecem impossíveis faz-me sentir viva", explicou, citada pelo tabloide britânico. "É uma corrida que nos leva a sítios onde nunca iríamos na vida normal. Só estamos a pensar em sobreviver", rematou a oncologista.