37 migrantes morreram e outras centenas ficaram feridos esta sexta-feira, 24 de junho, na fronteira de Marrocos com o enclave espanhol de Melilla, no norte de África. A tragédia aconteceu quando um grupo de cerca de dois mil migrantes tentava entrar em território espanhol. Agora, diferentes associações humanitárias exigem investigações à atuação das autoridades, tanto marroquinas como espanholas, e falam de violência injustificada contra estes migrantes.
A maioria das pessoas morreram asfixiadas ou esmagadas junto à vala da fronteira, outras depois de caírem da cerca da vala, escreve o "Público", mas houve quem morresse às mãos das autoridades. "Os que não tinham morrido acabaram por morrer, bateram-lhes muito”, salienta a mesma publicação, que cita um habitante de Nador, cidade marroquina nas proximidades, que foi chamado para limpar o local, em declarações ao "El País".
O número de mortos — neste que é de longe o episódio com o maior número de vítimas numa só tentativa de cruzar a fronteira em questão, salienta o "Público" — pode aumentar exponencialmente. Desde sexta-feira que as vítimas mortais se acumulam, e a delegação da Associação Marroquina de Direitos Humanos (AMDH) na cidade marroquina de Nador já avisou que os números podem ser muito superiores aos dados oficiais.
Ativistas pedem responsabilidades para a atuação das autoridades
A Associação Marroquina de Direitos Humanos (AMDH) é uma das organizações não governamentais que exige a realização de um inquérito, bem como uma investigação independente internacional ao que se passou na fronteira de Melilla — para além de exigirem a identificação da vítimas e a entrega dos seus corpos às famílias.
Para estas associações, tão grave como a violência exercida sobre estas pessoas, foi "a ausência de um atendimento médico rápido", o que fez aumentar em muito o número de mortos, pode ler-se no comunicado assinado também pela Plataforma das Associações e Comunidades Subsarianas em Marrocos, a Caminando Fronteras, ATTAC, AMSV, para além da AMDH, refere o "Público".
Amin Abidar, porta-voz da AMDH, salientou que os migrantes foram "maltratados" pelas autoridades marroquinas na fronteira, e descreve que os mesmos foram deixados encurralados e no chão durante horas sem qualquer auxílio médico, refere o site alemão Deutsche Welle.
Também a Comissão Espanhola para os Refugiados condenou a atuação das autoridades, descrevendo o que passou como um "uso indiscriminado de violência para gerir a emigração e controlo de fronteiras", salientando que o sucedido impediu que pessoas elegíveis para asilo conseguissem chegar a território espanhol.
Já Esteban Beltran, diretor da Amnistia Internacional em Espanha, reconheceu que "embora os migrantes possam ter agido de forma violenta na tentativa de entrar em Melilla, no que diz respeito ao controlo de fronteiras, não vale tudo", pode ler-se no DW.