Jean-Marie Le Pen, figura controversa da política francesa e fundador da Frente Nacional, morreu esta terça-feira, 7 de janeiro de 2025, aos 96 anos, depois de ter lutado contra vários problemas de saúde nos últimos anos. A notícia foi avançada pela família à agência de notícias AFP, de acordo com a publicação francesa "L'Union".

Conhecido pelas suas posições extremas e declarações polémicas, o pai da deputada francesa Marine Le Pen desempenhou um papel central na ascensão da extrema-direita em França durante a segunda metade do século XX. Nos últimos anos, enfrentou diversos problemas de saúde, como um "ligeiro ataque cardíaco" que o deixou hospitalizado, diz o "Le Monde", e sinais deterioração cognitiva.

Jean-Marie Le Pen nasceu em 1928, na comuna francesa La Trinité-sur-Mer, tendo crescido numa família modesta. Era filho de um pescador, que morreu aos 14 anos durante a Segunda Guerra Mundial. As suas origens moldaram as suas convicções nacionalistas e a ligação às tradições católicas e rurais da sua região.

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Licenciado em Direito pela Universidade de Paris, serviu como oficial na Legião Estrangeira durante as guerras da Indochina e da Argélia, experiências que marcaram a sua visão política. Só começou a aventurar-se na política a partir de 1956, quando foi eleito deputado pelo partido Poujadista.

Nos anos 60, depois de um período de declínio político, dedicou-se a uma editora especializada na venda de materiais controversos, incluindo documentos históricos sobre a Alemanha nazi. Em 1972, fundou a Frente Nacional, atualmente presidida pela filha, reunindo uma coligação de antigos membros da Waffen-SS, simpatizantes neonazis e outros militantes nacionalistas, tendo-se tornado uma das figuras mais conhecidas da política francesa.

Debaixo da sua alçada, o partido tornou-se uma força preponderante na política francesa, ainda que marcado por escândalos e acusações de racismo e anti-semitismo. A par disso, durante os 34 anos em que foi deputado no Parlamento Europeu, Le Pen utilizou-o como plataforma para promover a sua agenda eurocética e nacionalista.