O inverno em Moscovo, na Rússia, tem sido tão quente que o governo decidiu enviar camiões com neve artificial para decorar o centro da cidade à imagem da época. Os vídeos das chegada dos camiões com neve falsa tornaram-se virais um pouco por toda a internet e foram vários os utilizadores que apontaram a ironia na compra de neve numa cidade que, anualmente, gasta milhões de euros na sua remoção durante o inverno.
"Só há esta neve em Moscovo e está a ser guardada na Praça Vermelha", escreveu um utilizador no Instagram que mostra um monte de neve rodeado de gradeamento.
As publicações acontecem numa altura em que a região está a passar pelo inverno mais quente desde que as temperaturas começaram a ser registadas de forma sistemática e metódica há cerca de 140 anos. A 18 de dezembro, a temperatura na capital subiu 5,4 graus, batendo a temperatura mais alta alguma vez registada naquela altura do ano — em 1886.
Segundo escreve o jornal britânico "The Guardian", citando Alexander Stanko, um cidadão russo e responsável pela implementação da neve falsa nas ruas, este não é um acontecimento que possa ser considerado normal. "Não é nada normal. Os invernos costumavam ser muito rigorosos por aqui. Seria de esperar alguns dias com geadas muito fortes e com a garantia de que na passagem de ano haveria sempre neve", revela.
E continua: "Mas a verdade é que tem ficado cada vez mais quente. E é por isso que, como podem ver, este ano estamos a usar esta neve falsa."
Este é só mais um acontecimento que acentua a preocupação pelos efeitos do aquecimento global em todo o mundo e, neste caso, particularmente na Rússia. É que o clima quente de dezembro interrompeu o processo de hibernação no jardim zoológico de Moscovo — fazendo com que lilases e magnólias, plantadas no jardim da Universidade Estadual de Moscovo, florescessem mais cedo.
Ainda segundo a mesma publicação, os responsáveis pelo jardim zoológico revelaram que colocaram cinco jerboas — um tipo de roedor com longas patas traseiras — para encorajar as restantes espécies a hibernar.