Uma mulher de 45 anos ficou permanentemente incapacitada e presa a uma cadeira de rodas depois de lhe ter sido receitado um antibiótico em abril de 2021, cujos efeitos secundários não foram especificados. Ao que tudo indica, a mulher chegou ao hospital com uma infeção urinária, e foi-lhe receitada uma caixa de ciprofloxacina, que acabou por mudar toda a sua vida. O marido, ex-militar, também precisa de ser assistido diariamente, e este medicamento fez com que os dois não conseguissem partilhar casa, uma vez que agora precisam os dois de cuidados.
Talia Smith contou ao “Daily Mail” que, na altura, tinha perguntado ao médico que a assistiu quais os possíveis efeitos secundários que o antibiótico apresentava, mas que a resposta foi positiva: a medicação era segura e prescrita a muitos cidadãos. No entanto, o que o profissional deixou de fora é que este era um medicamento que já tinha vários avisos por parte da FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos) sobre riscos de tendinite, danos nos nervos que causam dormência, dor e formigueiro, convulsões, tremores, ruptura de tendões, ruptura da aorta e perda de massa muscular.
“Tomei o antibiótico e, três comprimidos depois, não conseguia andar. Comecei a ter dores no corpo todo. A minha visão ficou desfocada. Tive problemas para engolir”, disse Talia Smith. A mulher começou a sentir “uma dor aguda”, como se estivesse a levar “choques elétricos nos pés e nas pernas”, fazendo com que os seus músculos ficassem tão rígidos ao ponto de não conseguir andar. Mais tarde, a mulher foi novamente ao hospital queixar-se das dores, e foi quando um médico lhe perguntou se lhe tinha sido receitada a ciprofloxacina.
Aqui, Talia Smith ficou então a conhecer a chamada “Black Box”, nome dado à lista de todos os efeitos secundários mais rigorosos da FDA, que descobriu coincidirem com os efeitos secundários do antibiótico que lhe foi prescrito. No entanto, apesar de ter parado de tomar os comprimidos depois de saber destes efeitos, o estrago já estava feito, e, com o passar do tempo, a mulher deixou de conseguir tomar banho sozinha e de ingerir comida que não estivesse previamente triturada. Meses depois, acabou por ir de novo para o hospital, estando a pesar apenas 27 quilos.
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“A dor era ridícula, era uma dor constante nos nervos (...). [A minha vida] está virada do avesso. Nem sequer consigo tomar conta de mim própria. Estou a receber cuidados paliativos. Preciso de cuidados 24 horas por dia, 7 dias por semana”, disse ao jornal. O facto de não conseguir fazer simples tarefas sozinha também fez com que tivesse de deixar de viver com o marido, uma vez que o ex-militar também precisava de assistência diária. Estando os dois incapacitados, precisaram de se mudar para casas diferentes onde conseguissem ser cuidados por outras pessoas.
No entanto, nem tudo foram más notícias. Depois de contar a sua história pela primeira vez, Talia Smith encorajou outros que passaram pelo mesmo a falar sobre o assunto, e agora, quatro anos depois do trágico acidente, a CDC (Centers for Disease Control and Prevention, “Centros de Controlo e Prevenção de Doenças” em português) vai formalizar o efeito secundário “floxing”, um termo coloquial que se traduz para “toxicidade das fluoroquinolonas”, a classe de antibióticos onde se insere a ciprofloxacina.