Louise Bradley, de 33 anos, estava numa lista de espera infindável do Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido, devido a uma cirurgia de redução de estômago que precisava de fazer. Até que uma clínica turca se mostrou disponível para realizar este procedimento, cujo objetivo era fazer com que vivesse uma vida melhor – e mal sabia ela que lhe esperava exatamente o contrário.

Devido ao desenvolvimento de uma artrite, graças ao excesso de peso de que sofria, Louise acreditava que viajar para o exterior era a solução. Por isso, seguiu para a Turquia, onde pagou 2 mil libras (o equivalente a 2328€) pela gastrectomia em sleeve, que, trocado por miúdos, é a remoção da parte do estômago que possui maior capacidade de distensão, segundo o "Hospital da Luz".

Mas esta operação, que é uma alternativa às tão conhecidas bandas gástricas, só veio piorar o seu estado de saúde. Isto porque, em vez de remover apenas 75% deste órgão, o médico terá removido mais de 90%, de acordo com o "Manchester Evening News".

Ainda assim, depois da cirurgia, o médico responsável disse que tinha tudo corrido às mil maravilhas e assinou os papéis que autorizavam a paciente a voltar para o Reino Unido, que tinha voo marcado para o dia seguinte. Contudo, durante a viagem, Louis afirmou ter-se sentido mal e, chegando ao aeroporto, foi levada por uma ambulância para o hospital.

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créditos: Divulgação

Esta peripécia fez com que Louise ficasse internada nos cuidados intensivos, aquando do seu regresso a Manchester, no Reino Unido, de onde é natural. Desde então, a mulher teve de começar a ser alimentada através de uma sonda de alimentação, com a qual terá de ficar o resto da vida, bem como as implicações que daí advieram. "Estou sempre a ir e vir do hospital e tenho dores no estômago e diarreia constantemente", explicou, citada pela mesma publicação.

A história de Louise veio a público depois da morte de Leanne Michelle Leary, de 38 anos, uma mulher que morreu este mês, vítima das complicações do mesmo procedimento cirúrgico, também realizado na Turquia. Isto fez com que o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) do Reino Unido emitisse um alerta, já que, de acordo com a mesma publicação britânica, pelo menos 24 cidadãos do país morreram por motivos semelhantes.

Mulher de 28 anos viajou para a Turquia para colocar uma banda gástrica. Morreu durante a operação
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“A indústria de cirurgia estética, turismo médico e odontológico é desregulamentada quase totalmente e isso traz potenciais riscos a quem viaja para fora do Reino Unido [para realizar estes procedimentos]", explicou o MNE, citado pelo "Mirror". "Sinto que estão a vender um conto de fadas às pessoas, mas aquilo é como se fosse um talho [na Turquia]", acrescentou a mulher.