Tannaz Ameli, 64 anos, é a segunda pessoa a receber um transplante duplo de pulmão com sucesso. A operação que lhe salvou a vida aconteceu quando estava com cancro fase terminal. A mulher de Minneapolis, Minnesota, foi submetida à cirurgia em junho de 2022 depois de Albert Khoury, 54, ter ficado livre do cancro após a mesma operação na Northwestern Medicine em Chicago, em 2021.
Os dois estavam no estádio IV do cancro. Considera-se que o cancro está no estádio IV quando já se tenham desenvolvido tumores adicionais nos pulmões, para além do principal, ou o cancro já se esteja a alargar para outros órgãos, explica a "CNN". De acordo com a Northwestern Medicine, uma pessoa que esteja com um cancro nesta fase avançada já tem poucas opções de tratamento.
O transplante duplo de pulmão é um dos tratamentos que tem tido sucesso em pessoas com prognóstico reservado. Normalmente, consiste na remoção de ambos os pulmões do recetor seguida da substituição por pulmões de um dador, um de cada vez e numa só operação. No entanto, Ankit Bharat, médico que tratou Khoury e Ameli, opta por uma abordagem diferente que pretende diminuir o risco de contaminação da corrente sanguínea com células cancerígenas - a equipa abre a cavidade torácica e faz um desvio completo entre o coração e os pulmões.
“Essencialmente, o que isso significa é que não deixamos nenhum sangue passar pelo coração e pelos pulmões e contornamos tudo isso”, esclareceu Bharat citado pela "CNN". “Isso permite-nos interromper o fluxo sanguíneo para os pulmões, o que impedirá que qualquer célula cancerígena vá do pulmão para a corrente sanguínea”.
Para que uma pessoa seja elegível para receber o transplante tem de ter tentado todos os outros tratamentos disponíveis e o cancro tem de estar contido nos pulmões. Bharat explicou que a cirurgia não é isenta de riscos e que, especialmente em casos em que o cancro está especialmente avançado, há sempre a possibilidade de o cancro voltar.
Felizmente para Albert e Tannaz, o cancro não se tinha alastrado e, com poucos dias de vida, foram submetidos à cirurgia que dura cerca de sete horas e estão neste momento curados.
Albert Khoury tinha sido diagnosticado com cancro em estádio I no início da pandemia e pensava que estava infetado com o coronavírus. Por causa dos avanços da Covid-19 não pôde iniciar os tratamentos até julho de 2020 e o cancro foi evoluindo de forma alarmante. O homem foi internado e já com poucos dias de vida tornou-se na primeira pessoa a ser submetida a um transplante duplo de pulmão que resultou na cura do cancro.
Tannaz Ameli tinha sido diagnosticada com uma pneumonia que não havia meio de passar, até que em janeiro de 2022 recebeu a notícia de que tinha cancro do pulmão em estádio IV. Passou por tratamentos de quimioterapia que não resultaram e começou a conformar-se com a ideia de que não viveria por muito mais tempo. O marido sugeriu-lhe que visitassem o Northwestern Medicine para considerarem o transplante. Acabou por fazê-lo, sem qualquer complicação, e hoje tem uma nova perspectiva de vida.