Um segmento do foguetão chinês entrou no planeta Terra, como previsto, pelas 03h24 de Portugal Continental este domingo, 9 de maio, e acabou por mergulhar no oceano Índico, perto das Maldivas, de acordo com as coordenadas das autoridades chinesas. Ao entrar na atmosfera, o segmento desintegrou-se, mas não causou danos.

"De acordo com o percurso e análise, pelas 10h24 (03h34 em Lisboa) de 09 de maio de 2021, o primeiro andar do foguetão Longa Marcha 5B reentrou na atmosfera", anunciou o gabinete de Engenharia Espacial Tripulada chinês, em comunicado. Trata-se de um objeto com cerca de 30 metros e entre 17 e 21 toneladas, que viajava a cerca de 28 mil quilómetros por hora.

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A dimensão e velocidade estimadas antes da entrada na atmosfera colocaram as agências de monitorização espacial do mundo em alerta, mas a China tranquilizou o mundo. "A probabilidade de causar danos às atividades aéreas ou no solo é extremamente fraca", disse Wang Wenbin, porta-voz das delegações chinesas, em declarações à imprensa.

Contudo, para Bill Nelson, administrador da NASA, o que aconteceu mostra irresponsabilidade no trabalho da Administração Espacial Nacional da China (CNSA), a agência espacial chinesa, que não cumpriu com "os padrões responsáveis ​​em relação aos detritos espaciais".

"As nações que fazem viagens espaciais devem minimizar os riscos para as pessoas e propriedades na Terra de reentradas de objetos espaciais e maximizar a transparência em relação a essas operações", refere em comunicado no site da NASA.

Dois vídeos partilhados no Twitter mostram um ponto luminoso a movimentar-se no céu que corresponderão aos destroços a entrar na atmosfera. Sabe-se que todos terão caído diretamente no mar, mas o astrónomo Jonathan McDowell, da Universidade de Harvard, não descarta a possibilidade de alguns terem sido avistados pela população antes da reentrada do foguetão na atmosfera.

Os destroços que chegaram esta madrugada à Terra dizem respeito ao lançamento do foguetão Longa Marcha 5B, o módulo Tianhe, ou Harmonia Celestial, com o objetivo de criar no espaço a primeira estação espacial permanente da Estação Espacial Chinesa, que deverá pesar 66 toneladas quando estiver concluída no próximo ano. A CNSA está a treinar 12 astronautas para viver na estação e, em junho, será lançada a primeira missão tripulada, apelidada de Shenzhou-12.