O comediante e ator britânico Russell Brand está a ser acusado de ter violado, agredido e abusado emocionalmente de quatro mulheres. Estes testemunhos foram divulgados numa investigação do jornal "The Times" e do programa televisivo "Channel 4 Dispatches", mas Russell Brand já veio negar tudo o que se tem dito sobre si.

Os casos terão acontecido entre 2006 e 2013, coincidindo com o período em que o comediante estava no auge da sua carreira enquanto apresentador de televisão. Além de ter sido casado com Katy Perry (com quem esteve entre 2010 e 2012, durante os alegados abusos), Brand ficou conhecido por estar aos comandos de um spin-off do "Big Brother" e por filmes como "Arthur".

As vítimas não se identificaram na reportagem, mas nem por isso os testemunhos terão sido menos chocantes. Uma delas tinha 16 anos na altura dos abusos (menos 15 do que Russell Brand, que teria 31), alegando ter sido agredida sexualmente numa relação controladora, que durou três meses. O humorista referia-se à vítima como "a criança" e forçava-a a fazer sexo oral, de acordo com o "The Sun".

Uma das outras vítimas acusou o antigo apresentador de ter abusado dela sexualmente na sua casa, em Los Angeles, nos Estados Unidos, penetrando-a contra a sua vontade, encostada a uma parede. Umas horas depois, escreveu-lhe uma mensagem que dizia "quando uma rapariga diz 'não', é 'não'" e Brand ter-se-á desculpado. Ainda nesse mesmo dia, a vítima terá sido testada num centro de saúde – e os jornalistas, que tiveram acesso aos documentos, confirmaram a veracidade do abuso.

Antes de as acusações terem vindo a público, o ator foi contactado por ambos os órgãos que estão por detrás da investigação, tendo reagido às cartas que recebeu num vídeo, que publicou nas redes sociais. Nas imagens, Russell Brand confessa ter passado por uma fase da sua vida em que foi "muito promíscuo", mas afiançou ter tido apenas relações sexuais consentidas durante esse período.

Brand também sugeriu que os relatórios faziam parte de um ataque coordenado, cujo objetivo era a desacreditá-lo devido às suas opiniões controversas. Isto porque o comediante tem sido amplamente criticado pelo ceticismo em relação às vacinas conta a COVID-19 e por escolher entrevistar podcasters controversos, como Joe Rogan, que já foi acusado de tecer comentários racistas em várias ocasiões.

Os órgãos de comunicação para os quais o humorista trabalhava na altura dos factos negam ter tido conhecimento de qualquer queixa contra o ator. Já a BBC respondeu que tem estado a "evoluir" na forma como aborda estes assuntos, pelo que informou, este domingo, 17 de setembro, que está "a analisar com urgência as questões" levantadas pelas alegações de agressão sexual feitas contra o comediante, segundo o "Diário de Notícias".

Já a Polícia Metropolitana de Londres disse não ter ainda recebido nenhum relatório em relação às alegações, mas encorajou a que fossem denunciadas: "Se alguém acreditar que foi vítima de uma agressão sexual, não importa há quanto tempo isso aconteceu, encorajamo-lo a contactar a polícia", afirmaram em comunicado, citados pela mesma publicação.

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Pouco depois de as alegações terem vindo a público, Russell Brand optou por prosseguir com um espetáculo no âmbito da sua última digressão, "Bipolarisation". Dirigindo-se a uma multidão de cerca de 2.000 fãs numa sala de espectáculos em Londres, este sábado, 16 de setembro, revelou à plateia: "Há obviamente algumas coisas sobre as quais não posso absolutamente falar e agradeço que compreendam", de acordo com a "Euronews".

No início da apresentação, o comediante entrou em palco ao som da canção "You Don't Own Me", um hino feminista dos anos 60 interpretado pela cantora e compositora norte-americana Lesley Gore. Segundo relatos do público, esteve distraído durante todo o espetáculo, mas acabou por ser aplaudido de pé durante alguns minutos.

Russell Brand ganhou fama como comediante de stand-up no Reino Unido, no início da década de 2000, o que o levou a papéis de estrela no Channel 4 e, mais tarde, na BBC Radio. Mais tarde, deu o salto para Hollywood, tendo-se destacado pela sua prestação em vários filmes, bem como pelo seu casamento com Katy Perry. Atualmente, é comentador político e influenciador, publicando vídeos no YouTube para os seus 6,6 milhões de subscritores, que incidem sobre temas como a liberdade pessoal e a pandemia.