As aplicações de encontro online, como o Tinder, o Grindr e o OkCupid, estão agora envolvidas numa polémica depois de um estudo publicado pelo jornal "The New York Times" esta terça-feira, 14 de janeiro, revelar que ambas partilham indevidamente os dados pessoais dos seus utilizadores.
Embora o estudo tenha sido publicado no jornal americano, a autoria pertence à Norwegian Consumer Council, um grupo dedicado à defesa dos direitos do consumidor na Noruega, que mostra que pelo menos dez deste tipo de serviços enviam informações pessoais dos seus clientes para, pelo menos, 135 empresas de publicidade.
Entre as informações que são partilhadas, o estudo revela que se incluem dados como localização em tempo real do utilizador, via serviços de geolocalização, género, preferências sexuais ou até mesmo se o utilizador alguma vez experimentou drogas.
Como não podia deixar de ser, quatro das empresas que mais beneficiam deste tipo de dados privados são a Amazon, o Facebook, a Google e o Twitter. Mas a maioria das outras empresas são desconhecidas e pouco se sabe sobre quais as suas verdadeiras intenções.
Para obter estes resultados, foram analisadas as aplicações de serviços como Grindr, OkCupid, Happn e Tinder em telemóveis com sistemas operativo Android — mesmo que todos estes estejam disponíveis para iPhone. As descobertas não deixam margem para dúvidas: estas aplicações libertam, de forma permanente, os dados dos seus clientes para empresas de publicidade.
Mas o problema não é exclusivo às aplicações de dating e até outras, como aquelas que servem para monitorizar o ciclo menstrual ou até simples teclados, estão afetadas. É o caso das aplicações Clue, Perfet365, My Talking Tom 2, Qibla Finder e Wave Keyboard. Os endereços de IP, informações de género e idade são só alguns dos dados vendidos às empresas de publicidade.
E a forma como este tipo de informação é usada é muito simples. Com acesso às preferências sexuais dos seus utilizadores, o Tinder pode enviar esses dados para vários empresas que, por sua vez, enviam anúncios a esses utilizadores para que possam encontrar o par ideal.
Este é um tipo de prática que pode estar a infringir a Lei Geral de Proteção de Dados da União Europeia, também porque as descobertas mostram que os utilizadores não estão cientes de que a sua informação privada está a ser partilhada com terceiros e para que fins.
E ainda que as queixas se estendam a várias aplicações, só o Grindr foi alvo de uma queixa formal e efetiva. Ao "The New York Times", um porta-voz da empresa revelou que ainda não recebeu uma cópia do relatório e que, por isso, não iria fazer comentários sobre o assunto. Mas reforçou que o serviço considera a privacidade dos utilizadores muito valiosa.