Desde o arranque do conflito armado que a noite e a madrugada são os períodos mais críticos do dia, mas durante as primeiras horas deste domingo, 27 de fevereiro, as sirenes não pararam de tocar. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já afirmou que a última noite de combates "foi brutal" e que tudo se deve à postura russa face ao que reconhece como "alvo aceitável". O número de vítimas civis também aumentou.
"Hoje, não há uma única coisa neste país que os ocupantes não considerem ser um alvo aceitável. Lutam contra todos. Lutam contra todos os seres vivos — contra jardins de infância, contra edifícios residenciais e até mesmo contra ambulâncias ", garantiu Zelensky, numa publicação online, citada pela NDTV. "Disparam foguetes e mísseis em distritos inteiros, onde não há e nunca houve qualquer infraestrutura militar", acrescentou.
Esta madrugada, pouco depois das primeiras explosões, um ataque num distrito ocidental da capital ucraniana, Kiev, provocou a morte de uma criança de 6 anos e fez vários feridos civis. Até à data, há registo de que, entre os feridos, estão pelo menos dois adolescentes e três adultos. A informação foi avançada pela CNN e confirmada por um médico do hospital Okhmatdyt, onde ocorreu o ataque.
Civis colocam-se em frente a tanques para travar o avanço russo
Este sábado, 26, a Rússia garantiu que, como resposta à postura ucraniana face às negociações em Minsk, ia expandir a ofensiva a "todas as direções" e, segundo afirma o Ministério da Defesa russo, cumpriu a promessa: segundo alega, a Rússia já terá cercado as cidades de Kherson e Berdyansk e invadido, com tropas e veículos militares, a região de Carcóvia. Num novo anúncio, divulgado pela agência AFP e citado pela CNN, o Ministério da Defesa diz que ambas as cidades "estão totalmente bloqueadas".
Em Carcóvia, os serviços de emergência ucranianos avançam que um edifício residencial foi atingido por "artilharia inimiga", levando à morte de uma mulher. Esta autoridade, citada pela CNN, referiu também que o edifício ficou bastante danificado e que, por isso, foi necessário retirar 80 moradores do prédio. Segundo a mesma fonte, a maior parte encontrava-se abrigada na zona subterrânea do edifício, como recomendam as autoridades.
E, em Kharkiv, o cenário foi semelhante: as tropas russas fizeram explodir instalações de combustível, levando o governo a avisar as pessoas para se protegerem do fumo, cobrindo as janelas com panos húmidos. Segundo o gabinete oficial ucraniano, também um depósito de petróleo perto do aeroporto de Zhuliany ardeu, depois de ter sido atingido por um ataque russo.
Neste sentido, já chegou também a confirmação, através da conta oficial do Estado-Maior General das Forças Armadas da Ucrânia, de que a invasão russa já chegou a mais zonas dos que as acima mencionadas. Esta madrugada, a mesma conta partilhou um vídeo filmado nos arredores da cidade de Koryukivka, na região de Chernihiv, no qual assistimos a civis ucranianos a tentar bloquear o avanço dos tanques russos.
"Vejam o exemplo de Koryukivka! Estamos na nossa terra dada por Deus!", lê-se na publicação.
Afinal, se a Rússia está disposta a negociar, o que está a impedir a Ucrânia?
Em termos práticos, o território escolhido pela Rússia para palco das negociações: Minsk. Zelensky recusou a proposta da Rússia de negociar na Bielorrússia, com base na justificação de que o país liderado por Aleksandr Lukashenko serviu de base para o ataque de Moscovo a Kiev. O presidente ucraniano, diz, mantém-se aberto para as conversas de paz, mas apenas se o encontro for realizado num país que não seja hostil à Ucrânia, avança o jornal "Times of India".
Apesar das acusações russas, o conselheiro ucraniano Podolyak explica que a posição ucraniana se mantém. "Diálogo a sério, zero ultimatos."
Da ameaça à execução: já há bancos russos fora do SWIFT
Foi a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a declarar a confirmação de que vários bancos russos "vão ser removidos do SWIFT [sistema global de pagamentos interbancários]". "Ao excluir estes bancos [russos], deixarão de poder realizar a maior parte das transações financeiras à escala mundial, e as exportações e importações russas ficarão efetivamente bloqueadas", referiu, citada pela EuroNews.
O objetivo? Segundo Ursula von der Leyen, "debilitar a capacidade de Putin de financiar a guerra".
Ainda no campo das sanções, Alemanha acentua a sua posição face ao conflito armado. Até agora, fazia parte dos países que resistiam à exclusão de Moscovo do SWIFT, mas o cenário mudou e a Alemanha vai mesmo mais longe. De acordo com o chanceler alemão Bundeskanzler Olaf Scholz, o país decidiu enviar para a Ucrânia 500 mísseis e armamento anti-tanques, para além de ter interditado o espaço aéreo a aviões russos.