Diogo Dias. Assim se chama o bombeiro de apenas 21 anos que morreu este sábado, 25 de julho, no combate a um incêndio de grandes dimensões em Oleiros. O jovem integrava uma das equipas mobilizadas no combate ao fogo quando a viatura em que se seguia se despistou. Embora alguns dos seus colegas tenham sido projetados para fora da viatura, Diogo foi dado como desaparecido até ser encontrado mais tarde, perto do local do acidente, já sem vida.
Família e amigos recordam-no como uma pessoa que estava sempre disponível a ajudar o outro. E a verdade é que, mais do que uma vontade, Diogo Dias tinha um sonho: o de ser bombeiro. Esse sonho concretizou-se aos 17 anos, quando entrou na corporação de Proença-a-Nova enquanto estagiário, regime no qual se manteve até 2019 quando completou a formação de bombeiro de terceira classe.
A notícia foi transmitida à família por João Lobo, presidente da Câmara de Proença-a-Nova, que admitiu ser uma missão "muito difícil" por recordá-lo como um jovem "humilde e sempre disponível para ajudar", admitiu em declarações ao "Correio da Manhã". Quem o conhecia sabe que Diogo encarava a missão de bombeiro com um sentido de paixão e dever, tendo, até, tirado um curso técnico-profissional de proteção civil.
Apesar de este ser um momento de pesar para os bombeiros de Proença-a-Nova, a corporação decidiu, ainda assim, manter-se este domingo, 26, no combate ao incêndio de grande dimensões que embora tenha começado em Oleiros, rapidamente atingiu os concelhos de Proença-a-Nova e Sertã.
A corporação entendeu que a melhor homenagem que poderiam prestar ao jovem bombeiro seria permanecerem na linha da frente e recusarem a ideia de ficarem no quartel, como inicialmente terá sugerido o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
No mesmo domingo, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que a pandemia afetou a prevenção dos incêndios e que isso tem impacto direto nas condições de resposta face aos fogos. "Quanto à prevenção, há que dizer, sofreu com a pandemia. Os meses que eram meses cruciais da transição da primavera para o verão foram meses acabados por não existir", disse à Agência Lusa citada pelo jornal "Expresso".
Eduardo Cabrita, no entanto, não estabelece uma ligação direta entre os efeitos da pandemia e a capacidade de resposta aos incêndios. "O ordenamento florestal é uma responsabilidade de todos os portugueses e tem que ver com uma dimensão de transformação da floresta que tem de ser prosseguida todos os dias e levará a anos de intervenção. Essa é a prioridade", explicou.
As declarações surgem no mesmo dia em que Diogo Dias se torna no terceiro bombeiro a perder a vida durante o combate aos incêndios no País.