Já há cinemas a permitir o consumo de pipocas dentro das suas salas durante o visionamento dos filmes. Se, numa fase inicial, a venda de pipocas estava disponível apenas para take away (ou entrega ao domicílio através de serviços como a Uber Eats), salas como as do Cinema City já permitem o consumo no interior ainda que, atualmente, não seja clara a posição da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre o tema.

É o caso das salas da cadeia de cinemas em Alvalade e Campo Pequeno, em Lisboa. No contacto telefónico que a MAGG estabeleceu com as salas em questão, foi informada pelos funcionários em serviço que a autorização para a venda e o consumo de pipocas no interior era recente e que, apesar disso, continuava a ser promovido o distanciamento social e o uso da máscara no interior. No Cinema City de Leiria também já é possível o consumo.

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No fundo, aplica-se a mesma regra usada nos restaurantes: uso de máscara obrigatório dentro das salas, exceto durante o consumo.

Após o contacto com algumas das salas da empresa, a MAGG contactou diretamente fonte oficial do Cinema City para tentar perceber 1) em que contexto se deu a alteração do modo de funcionamento; e 2) há quanto tempo a alteração tinha sido imposta e comunicada aos funcionários.

Num comunicado oficial enviado por e-mail, a empresa fez saber que já está a permitir o consumo de pipocas em todas as suas salas, remetendo para a Resolução do Conselho de Ministros n.º 45-C/2021 que regulamenta a situação de calamidade em todo o País.

Cinema City diz que "o que não é expressamente proibido, é permitido"

"Nos termos do n.º5 do art.º 30.º da Resolução do Conselho de Ministros, de 30 de abril, apenas se encontra regulamentado o consumo nos bares das salas de cinema, continuando, à semelhança do diploma que regulamentou a 4.ª e última fase do estado de emergência, a não haver interdição expressa do consumo de produtos alimentares sólidos e líquidos no interior das salas de cinema, pelo que aquilo que não é expressamente proibido, é permitido", diz a empresa.

No respetivo artigo do Conselho de Ministros lê-se que, nos eventos da natureza cultural, "[n]as áreas de consumo de cafetaria, restauração e bebidas destes equipamentos culturais devem respeitar-se as disposições do presente regime, bem como as orientações definidas pela DGS para o setor da restauração."

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Também nos cinemas Castello Lopes, no Barreiro, Sintra e Torres Novas, o consumo já é permitido, confirmou a MAGG após contacto telefónico com cada uma das salas. Tentámos procurar uma posição oficial junto do departamento de comunicação da Castello Lopes, mas a empresa não reagiu até à publicação deste artigo.

No que toca aos Cinema NOS, aquela que é a maior exibidora no País, continua a não ser possível o consumo de pipocas e outros alimentos dentro das salas de cinema, em respeito das indicações dadas pela DGS para a reabertura dos cinemas em abril.

Ouvida a Cinema City, foi tentado um contacto com a DGS com o intuito de perceber: 1) se o parecer da autoridade da saúde sobre o consumo de alimentos nas salas se mantinha desfavorável; 2) caso contrário, em que momento surgiu essa alteração; e 3) se havia algum parecer atualizado para o funcionamento dos cinemas no País.

A DGS, no entanto, não respondeu a tempo da publicação deste artigo.

Associação Portuguesa de Empresas Cinematográficas e Inspeção-Geral das Atividades Culturais em silêncio

A MAGG procurou obter uma posição oficial por parte da Associação Portuguesa de Empresas Cinematográficas (APEC), que representa 90% das exibidoras em Portugal como a líder de mercado cinemas NOS, a Cineplace, a NLC — Cinema City ou a UCI Cinemas, com o objetivo de perceber o que motivou esta mudança no setor, se terá sido agilizada com o governo ou se teve algum parecer por parte da DGS.

Paulo Aguiar, pertencente à direção da APEC, recusou prestar declarações, reforçando que o organismo já fez saber a sua opinião junto da secretaria de Estado da Cultura estando, atualmente, a aguardar uma resposta.

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A 6 de abril deste ano, a duas semanas da reabertura dos cinemas, a APEC reagiu, através de Paulo Aguiar, ao regresso do sector com "imensas restrições", dizia em declarações à Agência Lusa, citada pela RTP. Na altura, as restrições, as mesmas que foram aplicadas em 2020 pela DGS, diziam respeito ao uso obrigatório de máscara, à higienização do espaço e ao encerramento obrigatório às 22 horas durante a semana e às 13 horas aos fins de semana. Mantinha-se também a proibição de consumo de alimentos no interior das salas.

Estas restrições, dizia Paulo Aguiar na altura, teriam "um impacto tremendo" nas receitas dos exibidores, com a APEC a prever uma quebra de pelo menos 50% nas receitas em 2021.

A MAGG questionou ainda a Inspeção-Geral das Atividades Culturais para perceber se o organismo teve conhecimento de alguma mudança no modo de funcionamento dos cinemas, se recebeu alguma queixa nesse sentido e se tinha uma posição oficial acerca das alterações por parte de algumas cadeias de cinema.

Apesar do contacto feito pela MAGG, a entidade inspetora não reagiu até à publicação deste artigo.