Francisco d´Eça Leal tinha 21 anos quando recebeu uma fortuna avaliada em mais de um milhão de euros. Filho de Paulo Guilherme d'Eça Leal, escritor, realizador de cinema e artista plástico, o jovem parecia ter a vida assegurada — o que era particularmente relevante tendo em conta que sofria de esquizofrenia.

O seu futuro poderia ter sido muito diferente. Podia, garante, se não tivesse conhecido Elisabete Rodrigues, hoje mais conhecida pelo nome artístico Maria Leal. Na primeira parte da reportagem "Amor Cego", do programa "Vidas Suspensas", transmitido esta terça-feira, 16 de outubro, pela SIC, Francisco d´Eça Leal acusa a cantora de o ter deixado na miséria. As casas e bens foram vendidos, o dinheiro foi gasto. Hoje, Francisco depende da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e da ajuda da mãe, para sobreviver.

"Aproveitou-se de mim. Eu fiquei cego por causa do amor, fazia tudo o que ela queria", começa por explicar à jornalista Sofia Pinto Coelho. Francisco d´Eça Leal tinha 24 anos quando casou com Maria Leal, ela 44 — apesar de ter assegurado que tinha menos dez. Na altura, o jovem tinha acabado de herdar uma fortuna: dois apartamentos avaliados em 450 mil euros (mais um recheio de 48 mil) e 546,377€ em dinheiro. Já tinha outros dois apartamentos em seu nome, deixados pelo pai.

A relação entre Maria Leal e Francisco d´Eça Leal durou quatro anos. Quando a relação já não estava muito bem, Francisco decidiu pesquisar o nome da mulher na internet e, conta, descobriu que ela andava com Tiago Ginga, que ficou conhecido quando entrou na "Casa dos Segredos 4". "Foi um choque na altura, não queria acreditar. Ela dizia que gostava muito de mim, que íamos estar sempre juntos".

Maria Leal acabou por confessar que tinha de facto uma relação com Tiago Ginga. O casamento terminou e, nessa altura, Francisco descobriu que não tinha nada. Neste momento há uma queixa-crime contra Maria Leal, a par do processo de divórcio.

A segunda parte da reportagem "Amor Cego", um trabalho de Sofia Pinto Coelho com Ribeiro Cristóvão, é transmitida na próxima semana. Nas redes sociais, Maria Leal já se pronunciou sobre o caso, garantindo que se vai defender em local próprio. "Intentarei as respetivas ações judiciais para ver reposto o meu bom nome". "(...) fui difamada de forma gratuita em horário nobre, a seu tempo será feita justiça, não acrescentarei nada mais a partir deste momento" escreveu no Facebook.

Recorde as 10 acusações mais polémicas de Francisco d´Eça Leal na primeira parte da reportagem.

"Disse que casarmos era mais seguro"

De acordo com Francisco d´Eça Leal, foi Maria Leal quem sugeriu que se casassem. "Assim não havia o perigo de a minha mãe me interditar", contou. Como ela seria sua mulher, passaria a ter a responsabilidade de tomar decisões em nome do marido, se necessário. Francisco e Maria Leal casaram na Conservatória do Registo Civil de Cascais, em 2013.

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Estoirar dinheiro nas lojas de Campo de Ourique

Segundo Francisco d´Eça Leal, foram os primeiros gastos de Maria Leal. Ao programa "Vidas Suspensas", a proprietária de um boutique revelou que a cantora "gastava muito dinheiro e com alguma regularidade", às vezes "mais do que uma vez por semana".

A mulher de 44 anos não trabalhava, e isso era sabido em Campo de Ourique. Isso não a impedia de dispensar uma pequena fortuna em roupa. "De cada vez que vinha, no mínimo era entre 400 a 500€ [o dinheiro gasto]", contou a dona da loja. "Havia várias lojas em Campo de Ourique em que ela consumia bem."

Ao todo, garantiu Francisco d´Eça Leal, foram gastos quase 100 mil euros em sapatos, perfumes, roupa, jóias, óculos, perfumes, cosmética, viagens, discotecas. Isto em apenas quatro anos.

"Eu não sabia porque não ia verificar as minhas contas", contou Francisco d´Eça Leal. "Deixei tudo nas mãos dela".

Dar-lhe papéis para assinar

Ao programa "Vidas Suspensas", Francisco d´Eça Leal garantiu que Maria Leal lhe deu papéis para assinar que ele nunca chegou a ler.

Afastá-lo da família e amigos

"Na altura não queria acabar a nossa relação, por isso fazia tudo o que ela me pedia para fazer", contou Francisco d´Eça Leal. "Cortei relações com os meus amigos, com a minha mãe". O jovem deixou de atender chamadas e de conviver com as pessoas que lhe eram próximas. Tudo porque alegadamente Maria Leal lhe dizia que, se ele não fizesse o que lhe mandava, ela ia-se embora.

Francisco d´Eça Leal deixou de falar com a mãe. A tal ponto que um dia nem sequer lhe abriu a porta de casa. "Não me abriram a porta. Estavam do lado de dentro e não me abriram a porta", contou Júlia Correia, mãe de Francisco.

O casal acabou por se mudar para a Parede, mais precisamente para um apartamento arrendado onde Maria Leal já teria vivido. Pagavam 500€ de renda. Nessa altura, contou a mãe de Francisco, perdeu-lhes o rasto.

Receber dinheiro de dívidas — e não devolver

Francisco d´Eça Leal emprestou dez mil euros à empregada doméstica que o casal tinha na época, mas disse nunca ter recebido o dinheiro de volta. A mulher garante que devolveu tudo. "Paguei-lhe a ela. À Elisabete".

Dois anos depois de casarem, a conta bancária de Francisco já tinha menos 200 mil euros.

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Gastar dinheiro em lojas na Parede

Só numa loja chinesa, Maria Leal terá alegadamente deixado 1.700€. Numa boutique em Carcavelos, 8.500€.

Abrir duas lojas com o dinheiro de Francisco

É outra das acusações de Francisco d´Eça Leal. A mulher terá alegadamente usado o dinheiro do marido para abrir um espaço próprio, de venda de roupa, primeiro na Parede e depois em Elvas. Só na remodelação da primeira loja terá alegadamente gasto quatro mil euros.

Comprar ações do Futebol Clube do Porto

Francisco d´Eça Leal foi surpreendido com esta informação em "Vidas Suspensas". Ao programa, garantiu não saber que tinham sido compradas ações do clube e que nem liga a futebol.

Levantar 200€ por dia

Ao que parece todos os dias Maria Leal retirava da conta através do multibano €200. Francisco d´Eça Leal garante que só recebia uma pequena parte desses levantamentos. "Estava a cargo da Maria Leal ela ir levantar e dar-me o dinheiro. 20€ por dia, ou qualquer coisa desse género".

Vender três dos seus quatro apartamentos

Francisco d´Eça Leal herdou dois apartamentos do pai, mas já tinha outros dois em seu nome. O primeiro a ser vendido ficava na Rua Francisco Metrass, por 60 mil euros. "Podia valer 150 mil à vontade". Quando questionado sobre o porquê de vender a casa à pressa, Francisco respondeu que Maria Leal lhe sugeriu que seria melhor assim, de modo a não ter responsabilidades fiscais sobre o imóvel. "A minha tolice foi não me ter respeito a mim próprio em primeiro lugar, e pensado em proteger o meu património".

O dinheiro desta primeira venda não entrou na conta bancária de Francisco d´Eça Leal.

O segundo apartamento a ser vendido ficava na Rua Tomás da Anunciação. Rendeu 100 mil euros. O terceiro, também na mesma rua, valeu 160 mil euros. Só restou o quarto e último apartamento do património de Francisco, onde reside atualmente. Segundo as contas do "Vidas Suspensas", se não tivessem sido vendidos estes imóveis valeriam hoje um milhão e 300 mil euros.