A 12 de janeiro de 2010, Kathryn Mayorga e os advogados de Cristiano Ronaldo reuniram-se com um mediador em Las Vegas. Preparavam-se para assinar um acordo de confidencialidade a propósito de uma alegada violação que teria acontecido no Hotel Palms Place na madrugada de 13 de janeiro.

Segundo o jornal alemão "Der Spiegel", e de acordo com o que cita o "Expresso", os advogados do jogador de futebol chegaram de limusine. CR7 não vinha lá dentro. "Queria que ele estivesse na reunião. Queria que ele lidasse com aquilo, que tivesse de me enfrentar. Acima de tudo, era isso que eu queria", contou Kathryn Mayorga, 34 anos, ao "Der Spiegel".

Só que isso não aconteceu. Na sala, sentaram-se apenas os advogados de Cristiano Ronaldo e a advogada da norte-americana. Durante a reunião, o advogado do jogador, Osório de Castro, foi trocando mensagens com futebolista. No final do dia, enviou o seguinte texto.

"Finalmente estamos a terminar, após 12 horas, por 260 mil euros. Além disso, haverá os custos da mediação de que já lhe falei, mais alguns pagamentos aos advogados que estão agora a tentar formalizar a transação. Sei que é muito dinheiro, mas acho que foi a melhor saída – e não foi nada fácil chegar até aqui".

No documento, Kathryn Mayorga aparece identificada como "senhora P", enquanto Cristiano Ronaldo é "senhor D". O acordo totaliza 11 alíneas, pressupõe o pagamento de 375 mil dólares à ex-modelo e obriga a um total anonimato.

"Este é um acordo global que mutualmente resolve e libera totalmente todas as reivindicações entre as duas partes abaixo assinadas, sejam conhecidas ou desconhecidas, exceto expressamente fornecidas neste lugar", lê-se no documento agora divulgado pelo jornal alemão, conforme cita o "Observador".

De todas as cláusulas do acordo secreto entre Ronaldo e Mayorga, há quatro que podem ser vistas como mais polémicas.

3.ª cláusula: nem o terapeuta podia saber o nome de Cristiano Ronaldo

"As partes e conselheiros concordam com (a) confidencialidade em relação aos termos do acordo, discussões respeitantes ao acordo e discussões tidas durante a mediação, (b) um acordo de não divulgação dos alegados eventos e eventos subsequentes, incluindo discussões com as autoridades e profissionais de saúde (e documentação que tenha resultado das mesmas); não obstante este cláusula de não divulgação, a senhora P. tem permissão para divulgar os alegados eventos aos prestadores de cuidados dela desde que não divulgue a identidade do senhor D., direta ou indiretamente".

Esta cláusula pressupunha que Kathryn Mayorga nunca poderia dizer o nome de Cristiano Ronaldo — mesmo que estivesse a falar com um profissional de saúde. Em entrevista ao "Der Spiegel", contou: "Não podia referir o nome ao meu terapeuta. Tinha sempre de ter cuidado com o que dizia por causa do contrato.”

4.ª cláusula: remeter-se ao silêncio até ao fim

"As partes também concordam que no caso de divulgação dos alegados eventos a terceiros fora do controlo da senhora P., ela não será responsabilizada por quaisquer danos sofridos pelo Sr. D. desde que (a) ela não seja responsável pela divulgação, (b) até sete dias após a assinatura do acordo, ela aconselhe esses terceiros que saibam dos alegados acontecimentos e estivessem a par da identidade do senhor D. a não revelarem esse conhecimento (c) se questionada a propósito dessa revelação ela não desse resposta e se afastasse (se questionado pessoalmente) ou desligasse (se questionada por telefone)".

Nesta alínea, o acordo pressupõe que Kathryn Mayorga não poderia ser responsabilizada se o caso viesse a público — desde que não tivesse sido ela a falar, claro. Nessas circunstâncias, o documento é explícito: ela nunca poderá comentar o assunto. Se a confrontassem pessoalmente, teria que se ir embora; se fosse por telefone, teria que desligar a chamada imediatamente.

8.ª cláusula: Kathryn Mayorga foi obrigada a divulgar os nomes das pessoas que sabiam da violação

"A senhora P concorda em entregar ao senhor D os primeiros nomes de qualquer pessoa a quem tenha contado (a) a sua alegação de violação (b) a identidade do senhor D. Ela também concorda em fornecer ao seu advogado, quando fornecer o acordo final executado na data de hoje, uma lista dessas mesmas pessoas com os seus nomes e apelidos, para uso no caso de uma reivindicação de uma divulgação não permitida posteriormente."

Kathryn Mayorga foi obrigada a passar ao seu advogado uma lista com os nomes das pessoas que souberam da violação. De acordo com o documento, isto poderia ser utilizado no caso de uma divulgação não permitida.

10.ª cláusula: a polémica carta que Kathryn Mayorga queria que Cristiano Ronaldo lesse

"As partes acordam que a senhora P vai escrever uma carta para o senhor D (que não esteve presente em pessoa na mediação) que deverá, como condição para o acordo, ser lida ao mesmo pelo seu advogado português, o senhor Osório de Castro, que deverá depois garantir à senhora P que a mesma carta foi, de facto, lida ao senhor D. A carta deverá ser entregue ao advogado ao mesmo tempo que a senhora P lhe entregar uma cópia do acordo final; e a carta deve ser lida ao senhor D num prazo de duas semanas a partir do momento em que o senhor Osório de Castro a receber; e a comunicação dela para o senhor D deve ser feita à senhora P imediatamente depois da sua ocorrência."

Quando viu que Cristiano Ronaldo não estaria presente na reunião, Kathryn Mayorga decidiu escrever-lhe uma carta. Para ter a certeza de que o jogador a iria ler, isso foi incluído no acordo. No prazo de duas semanas, CR7 teria de ler as palavras da alegada vítima.

O jornal "Der Spiegel" teve acesso ao conteúdo desta carta. São seis páginas que, dizem no artigo, são "difíceis de ler" e são basicamente "um longo lamento desesperado". Estes são dois excertos da carta.

“Gritei NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃÃÃÃÃO vezes sem conta e implorei-te para parares. Atacaste-me por trás com um rosário branco ao pescoço!! (...). O que é que Deus pensaria daquilo!!! O que é que Deus pensaria de ti!!!”

"Espero que te apercebas daquilo que me fizeste e que tenhas aprendido com este erro terrível!! Não roubes a vida de outra mulher como roubaste a minha!! Não quero saber do teu dinheiro, isso era a última coisa que eu queria!! Queria justiça! Não existe mesmo justiça neste caso.”

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