Membros do grupo Climáximo, que se tem insurgido contra a crise climática nas últimas semanas, invadiram o campo de golfe do Paço do Lumiar, na noite de quarta-feira, 11 de outubro, cimentando os buracos do terreno, e deixando para trás algumas bandeiras em que se liam as mensagens "Desarmar as armas" e "Eles declararam guerra contra a vida".

No Instagram, o estabelecimento dá conta do sucedido. "É de lamentar que quem luta pelo ambiente e por um mundo melhor use meios tão degradantes e ignorantes, provocando danos na vida de privados para chamar a atenção de uma causa que consideramos nobre e respeitamos", lê-se na publicação.

"Somos dos poucos campos de golfe em Portugal a ser autossustentáveis, usando os nossos lagos artificiais para recolher água da chuva para irrigação da totalidade do campo de golfe", continua o comunicado, que deixa patente que este clube sempre "primou por valor eco sustentáveis".

Chamando a esta ação dos manifestantes um "ato de vandalismo motivado por ignorância e desconhecimento", o campo de golfe do Paço do Lumiar reitera ainda que assegura "todas as medidas de preservação do ambiente" e que os danos causados e a respetiva reparação "constituem uma consequência pior para o ambiente".

"Estes espaços, dentro da cidade, ao invés de serem convertidos em floresta, habitação, hortas urbanas, ou dados qualquer tipo de uso público, servem para o luxo dos ricos, à custa de uma quantidade absurda de água", ripostou o grupo ambientalista, em comunicado, citado pelo "Jornal SOL". "São como uma torre de marfim onde os culpados por estas crises se escondem enquanto a população sofre com a seca e ondas de calor", continua.

Estas afirmações são proferidas no seguimento de uma referência às chuvas que assolaram a Índia, na semana passada, e que levaram ao transbordo de um lago glacial, resultando em inundações, mortos, feridos e desaparecidos. o grupo de ativistas apontou que "a crise climática transformou cada um destes lagos numa mina aquática, prestes a explodir e matar dezenas de pessoas à mínima perturbação meteorológica", em comunicado enviado às redações.

Ativistas da Climáximo voltam a atacar e estilhaçam as montras da REN em Lisboa
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"A crise climática transformou cada um destes lagos numa mina aquática, prestes a explodir e matar dezenas de pessoas à mínima perturbação meteorológica", avisa ainda o coletivo, frisando que, "segundo os cientistas, os oceanos estão a aquecer ao mesmo ritmo do que se cinco bombas atómicas de Hiroshima fossem lançadas na água a cada segundo".

O Climáximo tem estado aos comandos de várias ações de protesto nas últimas semanas. Os ativistas pintaram e estilhaçaram as montras da REN (Redes Energéticas Nacionais), em Lisboa, no sábado, 7 de outubro, bloquearam o trânsito na Segunda Circular, em frente à sede da Galp, bem como na Avenida de Roma e na rua de S. Bento, e até atiraram tinta ao ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro.