Foi eleito como presidente da Assembleia da República (AR) o candidato do PS Augusto Santos Silva, de 65 anos. Na verdade, foi o único candidato para a presidência da AR, pelo que a dúvida que restava era sobre com quantos votos a favor venceria a eleição.
A contagem feita esta terça-feira à tarde, 29 de março, somou um total de 156 votos a favor, 63 brancos e 11 nulos, que deram a Augusto Santos Silva a sucessão do cargo que antes pertencia a Eduardo Ferro Rodrigues. Aliás, àquele a que sucede deixou palavras no primeiro discurso como novo presidente da AR perante o parlamento.
"É uma honra que excede seguramente o mérito pessoal", começou por dizer antes de falar sobre o último presidente a que sucede. "É uma inspiração maior de empenhamento cívico, exigência ética e integridade pessoal, um exemplo vivo da máxima de Ricardo Reis: 'Para ser grande, sê inteiro'", citou.
"Sou apenas o primeiro sopro de um vento que estou certo que perdurará", continuou o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros antes de quase terminar o discurso com uma referência à crise de refugiados ucranianos. "Basta pensar um minuto na incrível força de tantas pátrias, que é a língua portuguesa, para entender da forma mais profunda que os bons requisitos para ser patriota é não ser nacionalista, isto é, em não ter medo de abrir fronteiras, de integrar migrantes, de acolher refugiados, de praticar o comércio e as trocas culturais."
Desde que o nome de Augusto Santos Silva foi anunciado até ao momento em que terminou o discurso, foram vários os aplausos recebidos pelo novo presidente da AR.
O discurso tardou a chegar devido a uma situação caricata no momento em que se partia para a contagem dos votos. Segundo a deputada Maria da Luz Rosinha (PS), a lista “não estava atualizada”, cita o "Observador", o que fez com que os deputados voltassem a ser chamados por ordem alfabética para dizer se votaram ou não.
A contagem começou então cerca de meia hora depois da confusão e foi feita à frente de todo o Parlamento pelos vices presidentes da AR Maria da Luz Rosinha (PS) e Duarte Pacheco (PSD).
A eleição teve lugar na segunda parte do dia em que os novos deputados ocuparam pela primeira vez o parlamento desde as eleições legislativas. Os 230 deputados sentaram-se no parlamento pelas 15h e minutos depois começou o processo para eleger o novo presidente da AR. Foram chamados por ordem alfabética para colocar o voto secreto na urna posicionada no centro do Parlamento.
O fim da votação aconteceu já às 15h46 e o resultado foi conhecido antes das 17h.