Acordar e beber um café faz parte da rotina da maioria das pessoas, mas há quem não dispense o consumo desta bebida várias vezes ao dia. Muitas sentem-se com mais energia, concentração e dizem adeus ao sono, mas ainda há quem ache que estes são apenas efeitos psicológicos. Pois engana-se porque um estudo da Universidade do Minho (UMinho) mostra que os benefícios do consumo de café vão muito além dos que conhecemos.
Esta terça-feira, 20 de abril, em comunicado enviado à Agência Lusa, a UMinho revela que o estudo, liderado pelo investigador do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) Nuno Sousa e publicado na revista Molecular Psychiatry, "oferece uma perspetiva única nas mudanças estruturais e de conectividade que acontecem no cérebro de quem bebe café regularmente", escreve o "Jornal de Notícias".
De acordo com Nuno Sousa, que é também o presidente da Escola de Medicina desta universidade, quando em repouso, quem bebe café com regularidade tem "um reduzido grau de conectividade em duas áreas do cérebro (conhecidas como precuneus direito e insular direito), indicando efeitos como uma melhoria no controlo motor e nos níveis de alerta (ajudando na reação ao estímulo) em comparação com quem não bebe café", cita o mesmo jornal.
Além disso, "padrões de maior eficiência noutras áreas do cérebro, como o cerebelo" encontradas na investigação revelam efeitos "como a melhoria do controlo motor", "uma maior atividade dinâmica em várias áreas do cérebro" e ainda "uma notória melhoria" na aprendizagem e na capacidade de memória.
No texto enviado à Agência Lusa, Nuno Sousa explica que esta é a primeira vez que se estuda a fundo o efeito que beber café regularmente tem na rede cerebral do ser humano. "Fomos capazes de observar o efeito do café na estrutura e na conectividade funcional do nosso cérebro, bem como as diferenças entre quem bebe café regularmente e quem não bebe em tempo real. Estas conclusões podem, pelo menos em certa medida, ajudar a oferecer uma visão mecanicista para alguns dos efeitos observados", explica o responsável pelo estudo
Para a investigação em causa, que pretendeu comparar a estrutura e conectividade no cérebro de um grupo de pessoas que bebe café diariamente com a de um grupo de pessoas que não bebe café, foi usada a técnica da ressonância magnética funcional.