O Web Summit está de volta a Lisboa (e estará por mais dez anos) e conta com oradores das mais variadas áreas para falar sobre temas, maioritariamente ligados a tecnologia, mas não só. Também a moda, a sustentabilidade ou o empreendedorismo são abordados neste evento com a duração de quatro dias.

Neste segundo dia, o Altice Arena recebeu um dos nomes mais falados dos últimos seis meses, Christopher Wylie, o ex-diretor da Cambridge Analytica que denunciou o uso dos dados de milhões de perfis do Facebook para obter votos para as eleições que levaram Donald Trump a presidente e no Brexit.

Christopher Wylie, que se apresentou com uma camisola a dizer "prendam o Presidente", explicou a Krishnan Guru Murthy, do Channel Four, como tudo aconteceu e como o caminho até aqui não foi fácil.

Quando decidiu deixar a empresa onde trabalhava, e denunciou o escândalo, foi imediatamente processado por várias entidades, e o Facebook, que sabia de tudo o que se passava, processou os meios de comunicação que divulgaram o tema, o The Guardian, o Channel Four e o NY Times. "O Facebook autorizou que os dados fossem todos entregues à Rússia. Depois de tudo, ainda disseram que eu era o inimigo."

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Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, reagiu pouco tempo depois do sucedido e prometeu alterar as políticas de entrega de dados a outras empresas. "Temos a responsabilidade de proteger os vossos dados, e se não o conseguirmos fazer, então não merecemos servi-los", afirmou em entrevista ao The Guardian.

Segundo Christopher Wylie, apesar de ter valido a pena a denúncia, "ainda não houve consequências para quem fez isto". "O FBI está a investigar, mas continua a não haver regulação." E é exatamente essa a solução (a criação de leis) que Christopher Wylie encontra para resolver situações de violação de dados como esta. "Se conseguimos legislar a energia nuclear, porque não conseguimos legislar a merda da programação e internet?", perguntou.

O orador afirmou não se ter arrependido de nada do que fez. "Já valeu a pena (ter feito a denúncia) pelo menos por se estar a falar no assunto e fazer com que as pessoas pensem nisto."