O julgamento dos cinco arguidos do caso de Jéssica Biscaia, a criança de 3 anos que foi torturada até à morte, nos quais a mãe, Inês Sanches, está incluída, começou às 9 horas desta segunda-feira, 5 de junho, no Tribunal de Setúbal. A avó paterna da criança, Maria Lídia, esteve à porta do tribunal para pedir justiça pela neta.
“Foi brutal o que fizeram à minha menina. Ela era linda, esperta. Mataram a minha menina brutalmente. Não se faz a um animal o que fizeram à minha neta. Neste país deveria haver pena de morte”, afirmou, acrescentando que espera que “haja justiça e mão pesada” para quem considera ser os “assassinos da neta”.
A avó contou que quando visitava a neta “estava sempre tudo bem”, mas não se surpreendeu com o facto da mãe de Jéssica, Inês Sanches, estar entre os cinco arguidos. “É uma mulher que é capaz de tudo”, garantiu. “Eu sempre disse na [Polícia] Judiciária, e volto a dizer, que foi ela que começou. Depois deu aos outros para acabar, para não ser sozinha neste filme de horror”, concluiu.
Inês Sanches está acusada dos crimes de homicídio qualificado e ofensas à integridade física qualificada por omissão. Ana Pinto, a suposta ama da vítima, Justo Ribeiro Montes, o marido, e Esmeralda Pinto Montes, filha, estão acusados de homicídio qualificado consumado, rapto, rapto agravado e coação agravada. Estes três arguidos e um outro filho de Ana Pinto, Eduardo Montes, estão acusados de um crime de violação agravado e de tráfico de estupefacientes agravado.
Jéssica morreu no dia 20 de junho de 2022 com 3 anos, devido aos maus-tratos a que foi sujeita durante os cinco dias em que esteve aos cuidados de Ana Pinto, a suposta ama. Segundo o despacho de acusação do Ministério Público, a menina serviu como garantia de pagamento de uma dívida de 200 euros da mãe, por práticas de bruxaria, com o objetivo de que o relacionamento com o companheiro melhorasse.
Além dos maus-tratos violentos, a criança foi utilizada como correio de droga. Quando foi devolvida à mãe por volta das 10 horas do dia em que morreu, Jéssica já não reagia a qualquer estímulo, mas esses sinais foram ignorados durante várias horas até esta ser levada para o Hospital de São Bernardo, em Setúbal. Como tal, a investigação considerou que Inês Sanches também poderá ter contribuído para a morte da filha.