Um grupo de investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) fizeram estimativas sobre o impacto dos ajuntamentos no Natal e preveem que pela altura das celebrações a 24 e 25 de dezembro, cerca de 20 mil portugueses, no mínimo, estarão infetados pelo novo coronavírus e contagiosos sem saberem e que, em resultado dessa situação, janeiro chegue ao fim com um acréscimo de 800 a 1500 mortes, avança o semanário "Expresso".

“Se em cada família o risco é pequeno, multiplicar por milhares de reuniões familiares corresponde à ocorrência de muitas infeções”, alertou Henrique de Barros, presidente do Conselho Nacional de Saúde, na última reunião do Infarmed.

As estimativas feitas dão conta de que dentro do mesmo agregado familiar, se uma pessoa estiver infetada, a probabilidade de contágio é de 23%, ou seja, numa família de cinco pessoas a viver na mesma casa, uma vai infetar mais outra.

Estes números têm em conta que “existem assintomáticos e levemente sintomáticos que escapam totalmente aos testes e que estão a transmitir o vírus”, diz Henrique Oliveira, vice-presidente do departamento de Matemática do Instituto Superior Técnico, que tem feito cálculos sobre a evolução da epidemia.

Isto significa que os milhares de testes à COVID-19 marcados para dias antes do Natal, conforme revelado esta sexta-feira, 11 de dezembro, pela rede de diagnóstico clínico Unilabs Portugal, serão pouco eficazes a conter o vírus entre membros da família no Natal. Por esta razão, Henrique Oliveira acredita que no final do mês de janeiro Portugal contabilize mais 800 a 1500 mortes, devido à aumento de contactos no Natal.

“Estamos a tentar debelar o fogo e estamos a conseguir. Mas é como se durante aqueles dois dias baixássemos a guarda e até atirássemos alguma gasolina. E depois no dia 27 vamos tentar apagar o fogo outra vez”, diz Henrique Oliveira, que se mostra preocupado com o alívio de regras no Natal.

“Este é um período em que haverá um mixing brutal: geográfico, com as pessoas a passarem de concelhos com alta incidência para regiões com baixa; etária, com a reunião de pessoas de diferentes gerações; e entre famílias, com a junção de vários agregados", revela o matemático.

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Isto porque, pelo menos até à análise da situação epidemiológica no País a 18 de dezembro, as medidas anunciadas para o Natal permitem circular entre concelhos entre 23 e 26 de dezembro, que os restaurantes estejam abertos até à 1h a 24 e 25 e, nestes dias, o recolher obrigatório será apenas partir das 2h nos concelhos de risco muito elevado e extremo.

Para Henrique Oliveira, para minimizar os riscos de propagação do vírus entre famílias, é essencial que até lá as pessoas protegerem-se para “minimizar os riscos e reduzir as mortes”. Mas há mais soluções.

Que medidas podemos tomar nas celebrações em família?

Uma das sugestões é apresentada pelo professor de Saúde Pública Internacional, Tiago Correia: "Façam as refeições apenas com o agregado familiar, recebam poucas pessoas além daquelas com quem vivem e, com essas, estejam sempre com máscara", sugere, mas vai mais longe.

"Organizem encontros para momentos do dia em que não precisam de tirar a máscara e tenham atenção a sintomas que possam estar a sentir. Se os tiverem, assumam à partida que podem estar infetados e evitem convívios", acrescenta.

Contudo, até ao fim das celebrações, que terminam com a passagem de ano a 31 de dezembro, o cenário epidemiológico do País pode levar a um alívio precipitado. “O número médio de novos casos diagnosticados por dia irá provavelmente continuar a descer. Estimamos que no dia 24 poderá situar-se entre 2000 e 2500, se se mantiver o ritmo de decréscimo dos últimos dias", revelam os cálculos feitos pelo professor de Epidemiologia Manuel Carmo Gomes.

Contudo, "após o Natal e o Ano Novo, é previsível que a descida seja interrompida e se forme um planalto ou se observe mesmo um ressurgimento, mas de momento não nos parece ser possível prever a dimensão que vai ter", alerta o especialista.

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