Há mais 76 mortes e 1.570 novos casos de infeção em Portugal pelo novo coronavírus. São estes os dados divulgados este sábado, 20 de fevereiro, pela Direção-Geral da Saúde (DGS), no novo boletim epidemiológico.

Os dados são divulgados na mesma altura em que continuam a ser registadas novas sequelas da pandemia em doentes recuperados da COVID-19. A mais recente assemelha-se a uma gripe, mas tem uma diferença muito particular: além de os sintomas persistirem durante muito mais tempo, os cuidados de que um doente passa a precisar são prolongados e há uma grande probabilidade de os sintomas reapareceram em pelo menos metade do número de doentes afetados.

A estes casos dá-se o nome de pneumonia organizativa, embora o nome seja tudo menos novo, uma vez que foi identificada na década de 80 e descrita não como uma doença, mas sim como uma reação.

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"É uma resposta inflamatória que deixa de estar dependente do agente que a provocou — microorganismos, doenças autoimunes, radioterapia, transplante ou até fármacos — e que, por isso, se prolonga", explica António Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, ao jornal "Expresso".

Nestes casos, continua, "é o próprio pulmão que tem uma reação persistente, com a organização de uma espécie de tufos nos alvéolos que vão migrando de um ponto para outro."

Nos casos de doentes que apresentem este tipo de reação, os sinais de alarme identifica-se através de sintomas como febre baixa, cansaço, falta de ar e tosse. "O que está a acontecer é que, após o caso agudo provocado pela COVID-19, há um arrastar de sintomas que leva muitos doentes a achar que ainda não se curaram", refere.

No que toca ao tratamento, António Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, diz que esta reação é combatida através do uso de "corticoides e durante mais tempo do que as outras pneumonias". O tempo médio do tratamento? "Nunca menos de dois a seis meses", garante.