O menino de 9 anos de origem nepalesa foi vítima de agressões físicas e verbais por parte de cinco colegas. O episódio violento teve e continua a ter impacto psicológico na criança. Frases como “vai para a tua terra”, “tu não és daqui”, foram ditas pelos colegas que agrediram a vítima. Ana Mansoa, diretora do Centro Padre Alves Correia (CEPAC ),  instituição sem fins lucrativos que presta apoio a migrantes e refugiados, foi quem denunciou o caso à Renascença. 

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As agressões ocorreram há cerca de dois meses, numa escola da cidade de Lisboa, cujo nome não foi revelado de forma a proteger a criança e a família. O menino ficou com hematomas por todo o corpo e com feridas abertas, que foram tratadas pela mãe, uma vez que a criança teve medo de ir ao hospital. 

A denúncia por parte dos pais da criança a Ana Mansoa ocorreu depois de, no início deste mês, no Porto, um grupo de seis homens ter invadido uma casa onde viviam imigrantes argelinos. Os pais da criança, com medo e receio de mais eventuais agressões não apresentaram queixa às autoridades e optaram por transferir o menino de 9 anos para outra escola para garantir a sua segurança.

O episódio violento foi levado a cabo por cinco colegas do menino, sendo que se destaca um dos agressores, de acordo com a Renascença. Além dos cinco colegas, juntou-se mais uma criança que filmou as agressões para partilhar nas redes sociais. O vídeo das agressões foi filmado e divulgado por WhatsApp pelas crianças, mas já não se encontra disponível. Estes colegas, que agrediram a criança de 9 anos, foram suspensos durante três dias da atividade escolar, sendo esta a única consequência.

A diretora do CEPAC refere à revista "Visão" a forma lamentável como o caso foi tratado pela escola, dado que a ocorrência de violência não foi não denunciada. “[A escola] pôs o enfoque em serem crianças, não poderem valorizar estes comportamentos e que tinha sido uma situação isolada”, disse Ana Mansoa.

O menino de nacionalidade nepalesa, juntamente com os seus pais, estão a viver em Portugal há dois anos, em contexto de asilo. Os pais da criança estão inseridos socialmente, trabalham na área da restauração e têm um rendimento fixo.

O CEPAC mantém o contacto direto com a comunidade de imigrantes e tenta ajudar os cidadãos que possam estar a viver em contextos de violência, intolerância e xenofobia. Em Lisboa, há cada vez mais famílias que reportam casos de racismo e violência, menciona Ana Mansoa.