Valete, nome artístico de Keidje Torres Lima, esteve no podcast da BLITZ, Posto Emissor, e entre muitos temas, falou do racismo em Portugal. O rapper português de 41 anos tem origens são-tomenses e há 20 anos que faz hip-hop, mundo onde é conhecido por veicular mensagens políticas e de empoderamento da comunidade negra.

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O rapper da Damaia considera que Portugal é um país onde ainda existe bastante racismo. “O português branco não consegue experienciar esta coisa do racismo (…) tu sentes-te indesejado em todo o lado. Eu sou maltratado no departamento das Finanças. Sou perseguido no shopping, sou maltratado quando vou ao mecânico. É uma coisa que desgasta. Quando vais a África é outra coisa, estás com os teus”, disse Valete no “Posto Emissor” a partir dos 24 minutos e 40 segundos.

A discussão se Portugal é, ou não, um país racista é de longa dura, mas o rapper afirma convictamente que se trata de um problema real, que não deve ser descredibilizado. "[Dizer que em Portugal não há racismo] é trágico, é irresponsável e nesta altura, em 2023, é criminoso ter esse tipo de discurso (…) só consigo associar esse discurso em 2023 à extrema-direita”, afirmou.

A música "Rua dos Poços Negros", que lançou em 2020, é uma das muitas que em que o rapper fala sobre o racismo em Portugal. "Tutorial de racismo estrutural/ Diz-me, quantos George Floyds já tivemos em Portugal?/ PSP é como a jihad no Cairo/ Têm mais cadastro que qualquer bairro (...) Kanye não mano, é Rakim/ Beyoncé não, eu quero Joacine/ Pan-Africano ao máximo/ Dom José foi pior que Stalin", canta Valete.