Mais de dois anos se passaram desde que Jean Tighe, uma mulher irlandesa de 41 anos, desapareceu. A última vez que foi vista foi à saída de um hostel na Parede, na linha de Cascais. Desde então, este é um caso que está envolto numa teia de mistérios, uma vez que não se sabe se estará viva ou morta – e a investigação só começou, formalmente, no verão deste ano, revela o "Expresso" deste sábado.

Mas vamos por partes. A mulher decidiu vir para Portugal passar os meses em que as restrições da pandemia eram mais apertadas. A irmã de Jean, Leona, em declarações ao "Irish Mirror", revelou que esta era uma “viajante”, tanto em países europeus como outros pelo mundo fora – e contactava a família de forma regular, especialmente quando tinha problemas financeiros.

Contudo, a partir do dia em que pôs o pé fora do hostel em que estava hospedada, a 13 de julho de 2020, nunca mais ninguém ouviu falar dela. O último sinal de vida que deu foi quando telefonou pelo WhatsApp para Leona, que não a atendeu. Mais tarde, a irmã retribuiu a chamada, mas esta já não respondeu, avança o "Expresso".

Nisto tudo, Jean deixou para trás a maioria dos seus pertences. No hostel da Parede ficou o passaporte, a roupa, o dinheiro, as chaves de casa e o objeto que mais tem contribuído para adensar o mistério: o telemóvel. Este aparelho foi encontrado por um voluntário do hostel, na cama da camarata onde a irlandesa dormia, de acordo com uma hóspede que assistiu a esse momento, segundo a mesma publicação.

No entanto, o telemóvel nunca foi parar à lista de pertences entregues à polícia (que, segundo o dono do hostel, não existia), pelo que têm sido levantadas inúmeras questões sobre quem o terá na sua posse atualmente. E as suspeitas apontam para o tal voluntário, que entretanto também desapareceu do mapa.

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créditos: Divulgação

Maria Oliveira, uma hóspede que partilhava o beliche com a irlandesa, revelou ter visto o homem com o telemóvel de Jean na mão. "Tentou aceder ao conteúdo para ver se podia de alguma forma perceber onde ou com quem ela poderia estar", contou, citada pelo "Expresso" – e é esta a única pista que têm.

Uma coisa é certa: quem quer que o detenha tem andando a ver as mensagens que Jean recebeu, ao longo do tempo, das irmãs e das amigas. Em setembro de 2020, uma amiga mandou-lhe mensagem no Instagram a perguntar como estavam as coisas e, em outubro, outra amiga partilhou um vídeo com a irlandesa. Em 2021, Alison, outra das irmãs de Jean, decidiu escrever-lhe sobre o quão preocupada a família estava – e todas estas interações foram dadas como vistas.

Podia ter sido um bom sinal (por mais que não fosse para chegarem a um desfecho), mas nunca mais aconteceu nada. Aliás, a conta de WhatsApp da mulher já nem sequer se encontra ativa, graças à política de privacidade da aplicação, que prevê a eliminação de perfis inativos por mais de 120 dias, conforme esclarece o semanário português.

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Ainda que o desaparecimento tenha ocorrido em 2020, e que o namorado de Jean, um angolano que conheceu em Portugal nessa época, tenha reportado o desaparecimento à polícia, o caso nunca foi tornado público. Há, desde então, um processo-crime aberto, mas a investigação demorou dois anos a ser iniciada, tendo apenas começado no verão deste ano. O caso só se desenrolou depois da transferência do processo da PSP de Cascais para a Polícia Judiciária, motivada pela investigação do "Expresso".

E as irmãs de Jean não estavam satisfeitas com o ritmo da investigação. "Tudo o que nos contaram é que não conseguem encontrar a Jean", disse Leona Tighe, em setembro, ao "Irish Mirror", acrescentando que as autoridades não responderam às questões que a família havia colocado. "Nós não sabemos o que é que eles estão a fazer. Como é que não conseguem localizar alguém com esta tecnologia moderna toda?", questionou-se.

O que é facto é que não é assim tão simples. Quanto à questão do telemóvel e das mensagens, por exemplo, pouco ou nada se pode fazer, pelo menos por agora. Isto porque, sendo que não existe nenhum inquérito-crime autónomo aberto em Dublin, na Irlanda, e não foram enviadas ainda cartas rogatórias para outras jurisdições a pedir dados, algo que é necessário, tendo em conta a legislação europeia. Porém, as redes sociais da mulher podem ser a chave para desvendar este mistério, já que contêm uma série de dados úteis, incluindo a localização GPS.

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