O Governo quer "defender a camisola poveira enquanto património cultural português" e para isso anunciou esta sexta-feira, 26 de março, que vai acionar meios judiciais para combater a "apropriação abusiva" da camisola dos pescadores tradicional de Póvoa de Varzim que a estilista Tory Burch usou na coleção primavera 2021, dizendo que é inspirada em Baja, México, sem reconhecer a origem portuguesa.

"A ministra da Cultura, Graça Fonseca, tomou a iniciativa de solicitar a identificação das vias judiciais e extrajudiciais ao dispor do Estado português para defender a camisola poveira enquanto património cultural português", pode ler-se num comunicado emitido pelo Ministério da Cultura.

O Governo avança ainda que "fará o que estiver ao seu alcance para que quem já reconheceu publicamente o seu erro não se demita das suas responsabilidades e corrija a injustiça cometida", atitude que deve passar por uma recompensa à comunidade poveira.

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A iniciativa do Estado português está em linha com a Estratégia Nacional para o Saber Fazer Português, aprovada recentemente, que tem como objetivo a "valorização, proteção, preservação e salvaguarda do património imaterial português".

Recorde-se que esta quinta-feira, 25 de março, a estilista norte-americana Tory Burch avançou com um pedido de desculpas através do Facebook. "Pedimos sinceras desculpas aos portugueses — tivemos conhecimento que atribuímos erradamente uma camisola da nossa coleção primavera 2021 como inspirada em Baja, México. Foi um erro não termos feito referência às bonitas e tradicionais camisolas dos pescadores, tão representativas da cidade da Póvoa de Varzim".

No comunicado foi ainda avançado que a estilista estaria em contacto com a "Câmara Municipal da Póvoa de Varzim para apoiar da melhor forma os artesãos locais", acordo que não aconteceu após várias horas de negociações com uma representante legal da marca em Portugal". Sem protocolo, o autarca da Póvoa de Varzim revelou intenção de avançar com processo judicial por usurpação, disse Aires Pereira, ao jornal "Expresso".

Entretanto, o presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, disse que, juntamente com o Ministério da Cultura, está a ser estudada uma "ação judicial, junto do Tribunal de Nova Iorque, para exigir a reparação dos danos para a cultura portuguesa e da Póvoa de Varzim", de acordo com o "Diário de Notícias", que cita a agência Lusa.