Um dia depois de ter anunciado a proibição de todos os festivais de verão até 30 de setembro, o primeiro-ministro, António Costa, admitiu ontem que a Festa do Avante! pode acontecer, desde que sejam cumpridas as normas de segurança determinadas pela Direção Geral de Saúde. O chefe do Governo, que na anterior legislatura foi viabilizado pelo Partido Comunista Português na famosa "geringonça", explicou a sua decisão ao considerar que o encontro anual que marca a reentré do PCP é "uma atividade política" e não um festival de música, mesmo que o Avante! se prolongue por sexta, sábado e domingo e o discurso da reentré seja apenas no último dia, durante perto de uma hora.

"A atividade política do PCP ou de qualquer outro partido não está proibida, nem nos passa pela cabeça, creio eu que a ninguém, proibir a atividade política. Agora, essas atividades vão ter de ser realizadas de acordo com as regras. No meu partido, tínhamos o congresso marcado para maio, está adiado sine die",explicou António Costa numa entrevista que concedeu esta sexta-feira ao Porto Canal.

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António Costa insistiu muito na diferença entre o Avante! e um festival e aquilo que é atividade política e lazer puro. "Não há nada que permita na Constituição, na lei, onde quer que seja, a proibição do exercício de atividades políticas". O primeiro-ministro insistiu sempre, sim, na necessidade de se "respeitarem as normas de saúde", salientando que "o PCP disse logo que as respeitaria". António Costa frisou, no entanto, que "cada partido é responsável pela forma como organiza" as suas atividades políticas.

Recode-se que o Governo anunciou, na quinta-feira, 7 de maio, que a realização de festivais de música está proibida até 30 de setembro. Nesse dia mesmo dia, o PCP não se quis comprometer com uma resposta sobre o que seria da Festa do Avante! Ainda assim, nesse mesmo dia, explicou, numa declaração oficial, que o Avante! "não é um simples festival de música, é uma grande realização político cultural que se realiza desde 1976, muitos anos antes da existência daquele tipo de festivais".

O comunicado aprovado no entanto pelo Conselho de Ministros na quinta-feira foi depois alterado passando a referir-se a uma proibição, até 30 de setembro, da realização de "festivais e espetáculos de natureza análoga", e não apenas a "festivais de música".