O Ministro da Educação, Fernando Alexandre, anunciou esta segunda-feira, 30 de junho, que a proibição do uso de telemóveis nas escolas se aplicará a todos os alunos do 1.º e 2.º ciclos do ensino básico, independentemente de frequentarem estabelecimentos de ensino públicos ou privados.

A recente decisão divide opiniões, apesar da medida ter como objetivo promover ambientes escolares mais seguros, saudáveis e benéficos ao desenvolvimento emocional e social das crianças. Mas será que os miúdos vão "compensar" a falta dos aparelhos em casa? E os pais, como estão a encarar esta mudança?

Governo vai proibir uso de telemóveis no 1.º e 2.º ciclos. Medida aplica-se ao ensino público e privado
Governo vai proibir uso de telemóveis no 1.º e 2.º ciclos. Medida aplica-se ao ensino público e privado
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Para Cláudia Adão, psicóloga clínica, a proibição pode trazer muitos benefícios, desde que seja aplicada de forma cuidadosa e responsável.

“É difícil posicionar-me de forma dicotómica, mas sabemos que há ganhos com esta proibição. A escola tem aqui uma responsabilidade acrescida no sentido de tornar os espaços mais seguros, desde psicológica, emocional e física, possível para as crianças”, explica a profissional em entrevista à MAGG. “Haverá benefícios claros, desde que haja regulação e condições bem definidas.”, diz a psicóloga.

Cláudia Adão salienta, no entanto, que o espaço escolar deve ser um local seguro e responsável por criar mecanismos para que as crianças possam contactar os pais em situações de urgência dentro da escola.

Descontentamento dos pais face à nova regra

Uma das maiores preocupações dos pais que surge com esta nova regra é a dificuldade em contactar os filhos durante o dia escolar.

“Este é um fator que pesa bastante. Os pais sentem-se apreensivos por não conseguirem falar com os filhos, especialmente no trajeto da escola para casa ou para atividades extracurriculares", refere a psicóloga.

Cláudia Adão
Cláudia Adão Cláudia Adão, psicóloga cliníca

Contudo, Cláudia Adão acredita que, a médio e longo prazo, a proibição poderá trazer melhorias no desenvolvimento emocional e académico dos alunos.

“Algumas escolas que implementaram esta medida notaram que as crianças brincam mais e interagem mais, além de terem uma melhoria no aproveitamento académico. Mas cada caso é um caso, e crianças com necessidades educativas especiais podem beneficiar do uso controlado da tecnologia", acrescenta.

A especialista reforça que, para que a proibição seja verdadeiramente eficaz, é essencial que as escolas implementem regras claras e contem com o apoio dos professores, pais e alunos.

“Esta proibição pode ser benéfica, desde que seja calculada uma série de condições, nomeadamente que as regras estejam bem claras e definidas, que sejam calculadas as consequências, o incumprimento dessas regras, a responsabilidade dos alunos, dos pais e professores no processo como modelo", conclui.