O vice-almirante Henrique Gouveia e Melo foi líder do grupo de trabalho para a vacinação em Portugal. Apesar de continuar focado no combate à pandemia, discutiu o futuro, que poderá incluir uma candidatura a Belém, uma vez que já não exclui esta possibilidade.

Esta quarta-feira, no evento comemorativo dos 157 anos do "Diário de Notícias", foi questionado sobre a hipótese de o seu futuro passar por Belém e mostrou já não a descartar. "Uma vez que é um homem de coragem, já pensou em ter a coragem de se candidatar à presidência da República nas próximas eleições?", perguntaram. Gouveia e Melo sorriu.

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A resposta do vice-almirante foi mais flexível do que até então. "Têm-me aconselhado a dizer que dessa água não beberei, que é uma frase muito forte, que não se deve dizer nunca", começou por dizer, indo contra o que havia dito no passado.

"O que posso dizer sobre o futuro? É que ele ainda não está realizado e até lá muita coisa pode acontecer"

"Tenho uma carreira militar que pretendo continuar. O futuro só a Deus pertence", afirmou esta quarta-feira ao "Diário de Notícias". Assim, deixa a porta aberta a todos os acontecimentos. Embora assuma que tentou "despolitizar o processo de vacinação enquanto coordenador da task force", não garante que irá despolitizar, também, o seu futuro.

Continua sem se considerar político, tal como no passado, mas, neste momento, já é possível imaginar Gouveia e Melo em Belém. "Não sou um ator político", ressalvou, como antes. Mas o futuro? "O que posso dizer sobre o futuro? É que ele ainda não está realizado e até lá muita coisa pode acontecer". Uma resposta que abre caminho a muitas hipóteses.

Numa entrevista à agência Lusa em setembro, este cenário parecia impossível. Na altura, garantiu sentir-se “perfeitamente realizado enquanto militar”. "Acho que daria um péssimo político", revelou, inclusive, pondo de parte uma candidatura à Presidência da República, como avançou o jornal "Público".

"Acho que devemos separar o que é militar do que é político, porque são campos de atuação completamente diferentes", dizia Gouveia e Melo. Afastando-se da política, defendeu existirem outros nomes mais aptos para o cargo. “Já diversas vezes me perguntaram e eu tenho a certeza absoluta de que há dentro do quadro democrático e da sociedade civil pessoas muito mais capazes para desempenhar esse papel”, esclareceu. Comparou os políticos aos militares, estabelecendo as devidas semelhanças e diferenças, e rematou: "não há necessidade de nenhum militar vir para a política".

Os tempos mudam e, numa questão de poucos meses, Gouveia e Melo assume uma posição menos radical e definitiva.